Em Setembro de 2012, faz agora 7 anos, fiz uma viagem à China durante 3 semanas aproximadamente, dentro de um contexto de Residência Artística. Esta não foi a primeira vez que tinha ido ao estrangeiro mas acabou por ser a primeira vez que fui num contexto “adulto” e “profissional”. Na ressaca dessa viagem o rompimento com uma namorada, o retorno com uma outra e a partida para França em Janeiro de 2013, atrás desse amor e desse sonho, e foi assim que me encontrei pela primeira vez verdadeiramente emigrado.
A vida num subúrbio parisiense durou 10 meses,
durante esse tempo os mais variados trabalhos (falarei sobre experiências
profissionais num próximo capitulo) e uma exposição individual no Centro Cultural
LaClef, em Saint-Germain-en-Laye. Ao fim desse tempo e visto a minha
companheira ter tido uma oportunidade de voluntariado na Turquia, decidimos
largar tudo, juntar os dinheirinhos e partir então, para essa nova terra, o sul
da Turquia. Ela tinha 7 meses de serviço de voluntariado e eu apenas 3 de
Visto. Passei o Inverno Turco em woofing numa quinta e regressei a Lisboa,
sozinho, no início de Fevereiro desse ano, ela, por lá continuou ate Junho.
Por esses tempos a minha amiga Isabel tinha-me
falado da possibilidade de me arranjar trabalho na empresa onde ela trabalhava
em Londres, para onde acabei por partir nesse verão de 2014, após uma nova
separação “conjugal”, encontrava-me agora após muito tempo, só, de novo, comigo
mesmo. ( NOTA: não vou falar aqui das razões que levam a separações de casais,
nem coisas do foro privado... quem me é mais próximo conhecerá certamente as
pessoas e as histórias envolventes… quero simplesmente enquadrar e
contextualizar as sucessivas idas e voltas…)
E foi essa nova vida em Londres que acabou por
mudar completamente o rumo da minha vida, foi a confrontação com essa nova
solidão, (mesmo tendo sido prontamente envolvido de novo entre amigos e amigas
que me foram essenciais e de quem guardo as melhores memorias).
Foi (na minha perspectiva) a confrontação com
essa cidade gigante e a insignificância do Homem, a poluição, o barulho, a
violência da informação, a ilógica da Cultura, o descalabro e a desigualdade
social, da sociedade, o cinzento, o caos, o surreal. Foi neste contexto que
criei as minhas tiras de Banda Desenhada do Zé Pintor, o expurgar de todo esse
niilismo, a minha salvação e a consciência de ter que sair da cidade!
Londres foi a tomada de decisão de nunca mais
viver na cidade, da escolha de partir para o campo, de procurar a família, o retorno às raízes, à
terra… sai de la fará agora 5 anos neste fim de Setembro. Voltei a Lisboa e
sabia para o que vinha. Procurei a minha família, e o meu irmão Tiago. Com ele
parti, fizemos 3 meses de apanha da azeitona em pleno inverno Transmontano,
entre Macedo de Cavaleiros e Bragança, numa pequena aldeia de 300 pessoas,
longe de tudo e todos.
Com o dinheiro amealhado nesses meses,
cruzamos a Espanha e a França, apanhamos o Ferry ate à Córsega, estávamos em
Fevereiro de 2015.
Nessa ilha conheci, a Camille minha
companheira e mãe do meu filho Gabriel, aí nascido. Mudamos para o sul de
França vai fazer 2 anos, depois… Logo se verá!!!
Portugal para trás ficou, a família e os amigos, eles existem sempre dentro de nós… o estrangeiro, nunca foi necessidade, foi sempre escolha, guiada talvez pela crença no Amor, acabou por ser assim, e a minha escolha continua a ser essa, o Eu, o Ser, esse, aprendeu com o tempo a estar um bocado mais em casa, consigo mesmo, o Eu, o Ser, será sempre um estrangeiro, é no olhar de estrangeiro, é em sair do conforto, do círculo, que descobrimos um Mundo Novo, não será isso uma coisa assim tão portuguesa?
Publicado originalmente no Facebook a 6 de Setembro de 2019
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