Já faz algum tempo que nada tenho escrito por aqui, certamente porque tenho muito mais que fazer na vida do que andar a escrever textos nas redes sociais, no entanto esses textos, permitem-me por vezes não só limpar a mente de algumas ideias como também (e é esse o meu primeiro objectivo) passar essas ideias ou mensagens a quem os lê, no caso de hoje, sobre algo que tenho vindo a fazer ao longo do ultimo ano, isto é, a escrita do meu primeiro livro.
Terminei então a escrita desse meu primeiro
livro, intitulado “Elias e o Carro de Fogo”, um livro escrito com uma intenção
inicial, que se foi moldando durante o tempo, uma espécie de um ensaio romance,
um pouco de ficção e muito de auto-biográfico (não fosse a auto-análise uma das
melhores terapias para vencer o ego, esse problema cronico dos artistas), mas
avançando, um relato de um pai e as suas problemáticas na vida, o percurso da
sua família ao longo dos nove meses de gravidez, com mudanças de casa,
trabalhos, lugares, doenças e outras situações no caminho da mudança e na busca
da felicidade.
Tinha como intenção primária que este livro
funciona-se como um exemplo, que mesmo nestes dias obscuros que temos vindo a
viver, que com esforço e dedicação podemos mudar o nosso próprio caminho e que
nada poderá deter essa vontade, e que outro exemplo poderei eu dar melhor do
que aquele que eu conheço melhor, o meu, tendo escrito este livro entre as
cinco e as seis da manhã antes de ir para a minha rotina de trabalho ao longo
deste ano de 2021, ele está pronto, finalizado, à espera somente de editora que
o pegue (isso, será tratado no devido tempo, mas aceito sugestões). Nada disto
é presunçoso, não quero aqui vangloriar-me, ou dizer que faço e aconteço e isto
e aquilo, quero simplesmente fazer-vos saber que é possível, mostrar que se
pode continuar a sonhar, que se pode mudar o rumo dos acontecimentos, com força
de vontade e coragem, e com muito trabalho, como a galinha, grão a grão,
dotados de uma dose infindável de paciência e benevolência para com isto tudo,
como diria um outro filho de Deus (perdoai-os meu pai, porque não sabem o que
fazem!).
Bom, voltando ao assunto, de salientar que o
segundo livro já está programado e logo, logo, começará a ser escrito, por
agora tenho outros afazeres e prioridades, mas cada coisa no seu tempo,
escreverei qualquer coisa por aqui, ainda antes do fim do ano, talvez previsões
para 2022, até lá ainda muita coisa vai rolar (como dizem os brasileiros),
deixo-vos então, assim, com um pequeno excerto que acho particularmente bem
conseguido, espero que gostem, um abraço e até já.
“Nunca pensei que ser pai viesse a ser isto,
às vezes acabamos por nos comportar como crianças, completamente embriagados
nas brincadeiras e nos risos dos nossos filhos, abraçar, dar beijinhos, mudar
fraldas e morder as bochechinhas e as perninhas e rir como um idiota com o seu
sorriso, dar-lhes banho, amor e a papinha à boca, e não dormir noites e noites,
ouvir chorar e mais chorar, ficar com os nervos à flor da pele, desesperar e
embalar e transportar a eles e a mais vinte mil coisas às costas, sacos e
carrinhos de bebé, roupas, brinquedos, tralhas e começar a ver os primeiros
passos e correr atrás, dobrado para servir de apoio ao caso de se desequilibrar
e ter medo, muito medo, medo que caia, medo que se aleije, medo que sofra,
porque nós sofremos também, medo que se engasgue, medo que morra, porque
qualquer acidente com as crianças pode ser fatal, e se ele morrer, nós morremos
com ele e todo o nosso sonho é destruído, mas mesmo assim vamos continuando,
enfrentando esses medos de dia para dia porque não temos outra escolha a não
ser fugir, mas se fugires já não és pai, e onde anda o amor e a doçura? Onde
anda a poesia? E agora já anda, já corre, já salta, já fala, já grita e canta,
já vai à escola e o tempo passa, mas os seus olhos continuam a brilhar alegria
e inocência e tu só o queres proteger, que ele continue assim, que ele não
perca essa alegria e essa inocência própria das crianças, esse olhar, que ele
não sofra o que tu sofreste enquanto cresceste e enfrentas-te a vida, que dói,
e os desgostos de amor e as amizades e a escola e as lutas e o trabalho e as
frustrações próprias da vida, e todas essas coisas que vão construindo em ti um
muro de betão, de resistências e medos face à vida e aos outros, mas não há
volta a dar, tens que os enfrentar, és obrigado a fazer cair o muro que te
separa dos teus sentimentos e emoções e aproveitar ao máximo cada segundo da
vida, cada momento que tens com ele, mesmo quando chegas a casa derreado do
trabalho e só queres dormir e descansar e ele vem e não te deixa, salta-te em
cima e se não aproveitares agora, aproveitarás quando? Quando ele for mais
velho e partir? Sim porque um dia todos partem, quando ele já não quiser
brincar com o seu pai? Quando o relógio do tempo indicar as horas da velhice e
ele já não for o menino pequenino que é, quando viver numa outra casa quem
sabe, quando ele já não estiver lá, quando ele já não estiver aqui, poderei eu
olhar para trás e dizer que fiz tudo o que podia por ele? Por nós? Por mim?
Tentarei.”
Publicado originalmente no Facebook a 3 de Dezembro de 2021
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