sábado, 19 de novembro de 2022

Mundial Vai-te Catar 2022 e Afins

Já faz um tempo que queria falar sobre este assunto tornando-se agora, com o aproximar da data o momento oportuno para o fazer.

Começa então amanhã o Campeonato Mundial de Futebol de 11, que se repete todos os quatro anos, desta feita no Qatar ou Catar, como quiserem.

Mesmo sabendo que este evento tem estado sempre envolvido, que eu saiba pelo menos nos últimos 30 anos, em altas polemicas de corrupção económicas e politicas, nomeadamente ligadas às decisões da FIFA não só pela entrega do evento a determinados países, mas também com a obrigatoriedade de certas despesas criadas pelos estados para o próprio evento, como a construção de estádios por exemplo, a nível europeu (UEFA) isso também se passa, como foi o Euro 2004 bom exemplo disso mesmo, no entanto este ano, eu diria que chegamos a um ponto em que o escândalo é de tal maneira gritante que já não da mais para fazer como o macaco e tapar boca, ouvidos e olhos.

Ora a escolha do Catar como pais organizador está envolta em polémica desde o inicio, e na altura, questões foram levantadas a esse respeito, mas vou aqui dar um único exemplo: o Paris Saint-Germain, mais conhecido como PSG e neste momento um dos clubes economicamente mais poderosos do mundo foi, uma das moedas de troca para que a França, na altura liderada por Sarkozy, votasse a favor do Catar para organizador, isto é, o príncipe do Catar, comprou o PSG e não só, para que o Catar fosse organizador do mundial de futebol.

Ora se a corrupção económica envolvida nestas negócios do mundo fosse a única coisa de grave a sinalizar, nós poderíamos (mesmo se toda e qualquer corrupção são a desprezar e criminalizar) mas, poderíamos minimizar o problema, o que se passa neste caso é que a própria organização e construção do Mundial e dos seus estádios estão assentes em três factores que deveriam fazer repudiar todo e qualquer bom cidadão, e passo a citar: organização de um evento mundial num país que não respeita as mulheres nem os direitos dos homens, ponto numero dois, num momento de grandes problemáticas ambientais e necessidades de mudar a nossa forma de consumir e habitar o mundo a criação de estádios e uma organização extremamente energivora e anti-ambiental, poluidora e criminosa são impensáveis e insultantes, e ultimo ponto, utilização e exploração de seres humanos, neo-esclavagismo e assassinato.

Dito isto, e clarificando, para além de ser um país que não respeita a igualdade, as mulheres, as minorias e os direitos dos homens, é um país que recorre à mão de obra escrava, existem vários exemplos e documentários sobre isso não vou aqui alongar-me, onde morreram mais de 6500 trabalhadores para construírem estádios climatizados no meio do deserto para uma única utilização e que irão ser desmantelados no final do evento. Para além de todas estas barbaridades juntemos a isto o facto de comprarem adeptos e passagens de avião, milhares delas, para que essas pessoas, vão aos estádios e voltem aos hotéis ou casas centenas ou milhares de quilómetros de distancia.

No meio disto tudo, Federações de Futebol, governos e patrocinadores, cúmplices, fecham os olhos, pedem-te que te cales e que dês espaço ao jogo etc., hipocrisias, bandidos, mentirosos, na realidade, ver um único minuto de jogo deste mundial é estar a aprovar e a patrocinar estas politicas, o neo-esclavagismo e a pouca-vergonha de quem governa o mundo.

Comprar um único produto de um patrocinador deste evento, ver um único minuto deste evento é afirmar que tudo vai bem e que eles podem continuar a destruir o mundo e as pessoas para seu próprio proveito, na realidade continuam a querer faze-lo organizando por exemplo os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026 na: tam tam tam tam: Arabia Saudita! e não me venham com retóricas que é só um jogo, e que são os chineses que poluem e os indianos e etc. como fizeram e fazem todos esses reacionários sobre os jovens ambientalistas na UL ou com a Greta por exemplo, cada um é responsável das suas próprias escolhas e decisões, a mudança não está nos outros, mas em nós mesmos.

Todos se queixam que está tudo na mesma, mas quando chega o momento de agir e mudar ninguém quer mexer uma palha confortáveis que estão acorrentados nas suas gaiolas douradas, dêem-nos um sofá e o circo do futebol, que isso é que é divertido e o resto que se foda.

Talvez para outro dia, mas faz mais de três anos que não vejo um jogo de futebol e quem me conhece sabe que isso é uma mudança, na realidade desde o que fizeram a Bruno de Carvalho, eu sei do que falo, que o futebol e o Sporting acabaram para mim, mais do que ver a bola rolar, existem valores a respeitar, neste mundial é igual, mais do que ir ao circo ver os palhaços, ou será que é o espectador o palhaço, prefiro guardar os meus valores e continuar no meu caminho de mudança.

Hoje em dia consumo é politica e é preciso estar muito atento ao que consumimos pois isso define e é uma acção politica em si. Não comprar coisas da china, não comer fast food (Mc Donalds por exemplo) 80 ou 90% da produção de soja e consequente destruição da Amazónia é para a alimentação de gado que serve a produzir carne para consumo humano e sobretudo europeu, ao contrario do que vos vendem certos reacionários ignorantes, não beber coca-cola (grande poluidor mundial), não comprar cebolas da Austrália quando tens cebolas locais, mesmo se te custe mais vinte ou trinta cêntimos ao quilo, tudo isso são posições politicas, tudo isto é politica e é preciso estar atento e activo, para não permitir que continuam a fazer de nós gato sapato!

Dito isto, e para que conta ainda ver egos do tamanho do mundo correr atrás de uma bola, pensem bem sobre quem apoiam e a quem dão o vosso dinheiro, porque tempo é dinheiro, mas energia também o é, e a tua energia é vital, é vida.

Coragem e um Grande Abraço do Pedro aqui do meio do Mediterrâneo



terça-feira, 6 de setembro de 2022

Poesia

Já faz muito tempo que não pensava em poesia e enquanto me revirava às voltas na cama, veio-me ao espirito qualquer coisa parecida com isto que mais abaixo partilharei, no entanto, e como a preguiça é aliada do silêncio e no que toca a não acordar as crianças deixo-me sempre ficar, deitado, sem anotar aquilo que o meu espirito debita ao meu cérebro adormecido.

As ideias e os pensamentos chegam-me quase sempre por essas horas, quando se está numa espécie de limbo entre o sonho e a realidade, algumas, tento-as anotar num canto da minha cabeça para as materializar no dia seguinte, ou quando posso. Tento faze-lo com quase todos esses pensamentos que me chegam quando os acho belos ou pertinentes, de arruma-los num canto da cabeça, para depois, no entanto, a maioria, por falta de tempo e preguiça, ou talvez porque já não tenho cantos na cabeça para tantos pensamentos que chegam, voltam enfim para os confins do vazio quântico, como numa onda que passou, quem sabe se retornará, a mesma onda, de novo, mais tarde, mas, como no mar, novas ondas virão.

 Assim, na sequencia destas ideias veio-me este poema ao espirito, pouca coisa, mas que quis, na mesma registar.


Pergunto-me, que foi feito de mim neste mundo?

Porque me encontrei eu entre rios e montanhas, entre vales e mares?

é como se, se tratasse de um sonho, de um sonho profundo

e foi de me encontrar no meio destes tantos outros lugares

que descobri a chama ardente, que me queima a lembrança

a minha alma pendente, no sorriso de uma criança

e vim eu de la de longe, do meio das casas da capital

com voz tremula e rouca de ser Alfredo Marceneiro

descobrir aqui no meio das vacas e do olival,

que o meu sangue é de um outro poeta, um tal de Alberto Caeiro.

 

No entanto, e concluindo, havia algo de muito mais importante que tinha para exprimir, e que se sobrepõe a tudo isto, que é o facto de que nada poderá vencer o espirito de uma criança, que do alto dos seus seis anos ela respira poesia e vida em cada gesto e em cada reflexão, então, no outro dia o meu filho disse-me assim:

Et si la vie n'était qu'un rêve de dieu?

que poderemos nós responder a tal pergunta a tal poema?


domingo, 31 de julho de 2022

O Homem e o Pão

Aquele dia seria um dia importante, era um dia importante, a minha mãe tinha-me incumbido de ir comprar pão, pela primeira vez iria sozinho comprar o pão, sozinho não, o meu irmão, um ano mais novo iria comigo, tínhamos na altura uns cinco ou seis anos de idade, se não me engano, talvez uns sete, já não sei bem, que isto da memória às vezes falha, não importa, o que importa é que a minha mãe, tinha-me dado uma nota de dois mil escudos, daquelas azuis com uma caravela desenhada, que eu tinha dobrada, guardada no punho da mão, e tinha-nos dado a missão de ir lá a baixo à loja, comprar umas bolinhas, dando assim mais um passo em direcção, nesta tarefa que é a maternidade e a educação das crianças, a um pouco mais de responsabilidade de autonomia e de crescimento.

Descemos no elevador, saímos do prédio, e fomos até ao centro comercial que se encontra logo ali ao lado, um daqueles centros comerciais antigos, dos anos oitenta, da idade do bairro. Na altura, aquele centro comercial era ainda bastante habitado, era um local de encontro de famílias e vizinhos, e providenciava toda uma serie de serviços que viriam a extinguir-se aos poucos, à medidas que os anos iam passando e que os shoppings foram crescendo como cogumelos na área da grande Lisboa, mas, por aquela altura era, como disse, um centro bastante movimentado, havia, à entrada, do lado do prédio onde eu habitava uma churrascaria, logo depois uma pequena rampa ladeava a parede do centro ate chegar a uma plataforma onde tínhamos acesso à esplanada do café, e à entrada principal feita de duas grandes portas vidradas.

Lá dentro, para além destes dois pontos alimentares que duram ainda e resistentes até aos dias de hoje, encontrávamos por aquela altura começando pelo segundo andar: o vídeo clube, onde alugávamos as nossas cassetes das tartarugas ninja, o cabeleireiro da Bela e da Lela, ou Lola, já não sei, na altura do Sr. Machado, careca por sinal, onde a minha mãe nos fazia rasar a cabeça. Havia também uma lavandaria e um cafezito, mais tarde encontrava-me lá com a malta, lugar de preferência para beber umas jolas e fumar uns cigarros, um terraçozito ao segundo andar por baixo dos plátanos do estacionamento, munido de uma mesa de matraquilhos e o jornal desportivo do dia. Em baixo, ao rés-do-chão e logo à entrada a loja do Sr. do Gaz, que vendia as botijas de gaz Galp para os fogões, o talho, o café, a churrasqueira, a drogaria do Pracash, se não me engano, um Sr. de origem paquistanesa que sempre lá esteve, nos seus quatro metros quadrados e que vendia de tudo, lembro-me, no entanto, de ir lá comprar pilhas, atacadores e aquelas cassetes amarelas para a family game, a nossa consola da época que joguei até à exaustão, até chegar a Playstation. Lembro-me que o centro chegou também por uns tempos a ter uma peixaria, uma papelaria, uma loja de street-wear, de uns irmãos gémeos que viveram por lá uns tempos e que vendia skates e latas de spray para graffitis quando era moda, lá para o inicio dos anos dois mil. Chegou mesmo a haver, também, um pronto a vestir, mas, nada disso interessa para esta história, onde o que interessa era o ponto onde se vendia o pão, o minimercado ao interior do centro, também ele detido por um Sr. Paquistanês, o pai do Américo, um rapaz que não jogava nada bem à bola, mas que de vez em quando brincava connosco, ou seria Pracash o Sr. do minimercado e o Sr. da drogaria o pai do Américo, já não me lembro, são partidas da memória, no entanto, onde a memória não me falha é então, nessa tal ida ao pão.

Depois de me ter dado as bolinhas de pão num saco de plástico, esse Sr., o dono do minimercado, pousou atenciosamente como quem conhece os seus clientes habituais, as notas, e as moedas do troco na minha mão, para me ensinar e mostrar as contas, ainda hoje tenho na memória vir a andar no passeio, de volta a casa com o meu irmão ao lado e o troco na mão, a nota de mil e a nota quinhentos escudos mais as moedas na mão, e vir a fazer um esforço para segurar bem esse precioso troco, e a ideia de reentrar em casa com o sentido de missão cumprida, mostrando assim, orgulhosamente à minha mãe o como era grande e responsável.

Subimos a rampa que dá acesso ao prédio, entramos no prédio e no elevador, a porta estava mesmo a fechar-se quando de repente voltou a abrir-se, uma mão gigante veio de cima, descendo violentamente e agarrando-me as notas, vi um homem voltar-se e sair pela porta do prédio a correr enquanto a porta do elevador se fechava à minha frente. Chorei até ao nono andar!






terça-feira, 10 de maio de 2022

10 anos de escravidão e o Paulo Coelho

 Existe um livro também transformado em filme, escrito por um afro-americano que narra a sua experiencia enquanto escravo, ele conta como a sua vida de cidadão livre lhe foi arrancada no norte dos Estados Unidos para ser transportado e feito escravo nos Estados do Sul, nas plantações de algodão, isso durou 12 anos, até poder finalmente conseguir (no caso desta historia) se libertar.

Ora não poderei nunca fazer paralelismos sobre a escravidão a que foram e são ainda hoje submetidos os meus irmãos negros mas posso sim fazer um paralelismo entre esclavagismo (trabalhar à força, sem ser pago e sabendo que se recusarmos a sentença é a morte) com neo-esclavagismo (que é o que vivemos hoje em dia devido à estrutura híper-capitalista em que a nossa sociedade se encontra, trabalhar, ser mal pago, muitas vezes mal tratado e sobe pressão, e assedio moral, para poder pagar o mínimo necessário à sobrevivência) poderia aqui fazer uma dissertação sobre isso, condições de trabalho, dependência económica de todas as necessidades básicas do ser humano, alimentar, habitacional, etc, mas não é o caso, deixo isso ao critério de cada um, mas sabendo que se recusarmos jogar esse jogo a sentença é a marginalização, o que para Sócrates  vai dar à mesma coisa que a morte!

Posso também fazer um paralelismo entre esses 12 anos de Solomon Northup e os meus últimos 10 anos. Durante esse tempo vi a minha vida de “cidadão Livre” me ser “retirada”, os sonhos prometidos pelo sistema de ensino e pela universidade foram todos pelo cano abaixo, acompanhados de uma grande dose de papel higiénico e empurrados pela força da água ao primeiro puxão do autoclismo. Durante estes últimos 10 anos que separam a data de hoje ao fim do meu mestrado (onde por curiosidade um dos júris de tese afirmou que comigo seria o tudo ou nada) o nada (a nível profissional) foi prevalecendo até ao inicio deste mês de Maio. Foi, assim, que neste inicio do mês de Maio, tento, com ajuda da minha família e do Universo reaver a minha Liberdade. Tinha precisamente em Janeiro escrito um texto onde abordava um pouco este sujeito, no entanto o Mundo da muitas voltas e dei por mim com duas crianças em casa a mandar o trabalho às ortigas, já não dá mais para participar nisto, já não dá mais para alimentar esta gente, este sistema, esta loucura, está na hora de mudar e se não se conseguir, ao menos que morra com a consciência tranquila de ter tentado, sim, tentar então viver para a arte e por consequente da arte, viver para a transformação de um mundo melhor, construir sonhos e tentar a meu jeito ajudar nesta transformação tao necessária e inevitável.

E isto leva-me então até ao segundo ponto, a Paulo Coelho e à busca da minha lenda pessoal. Na realidade tive contacto com os livros de Paulo Coelho à muito pouco tempo atrás, não sei porquê mas sempre tive a ideia que havia uma espécie de recusa da esquerda às ideias e aos livros de Paulo Coelho, provavelmente ligada ao esoterismo ou teor vamos chamar-lhe religioso que compõe grande parte das suas obras e isso levou-me por ideologia a nunca o ter descoberto, no entanto posso afirmar sem receios que foi o mais impressionante e mais forte que li nos últimos tempos, a par de Bernard Werber (ler as Formigas e a Borboleta das estrelas), papei quase uma dezena de livros dele o ano passado, e obviamente o incontornável Alquimista.

Ora a grande ideia por detrás de Paulo Coelho tem a ver com a ideia de que cada um de nós tem a sua lenda pessoal para viver, uma espécie de propósito de vida, de objectivo de realização supremo e que nos cabe a tarefa de o alcançar, e isto leva-me ao meu estado, aos desejos e sonhos que tive e alimentei durante toda a minha vida, que flui no meu subconsciente, à intuição e ao sentir dentro de mim mesmo aquilo que posso vir a ser, aquilo que sou capaz de fazer e à coragem que é necessária para quebrar os paradigmas que te prendem, esses sim as verdadeiras correntes da tua escravidão.

Foi então neste sentido que tentei de forma amigável meter fim ao contrato de trabalho que me ligava a uma empresa de produção de vinho, (essa kármica beberagem que muito contribuiu ao meu envelhecimento e destruição precoce) coisa que não foi aceite muito amigavelmente pela gestão da empresa, no entanto as decisões estão tomadas, o caminho é para a frente e o que vier veio, que eu tenho uma lenda pessoal para viver e filhos para criar, sem medo não, que o medo existe, mas ele existe para ser superado e vencido. A liberdade está dentro da nossa própria cabeça e nós somos os criadores da nossa própria realidade, podemos fazer deste mundo e da nossa vida um paraíso ou um inferno, cabe-nos de escolher.

Terminando num tom de psicadelismo para acompanhar a imagem de progresso e futuro e citando um certo contemporâneo de Paulo Coelho:

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante

Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”



sábado, 2 de abril de 2022

Papoilas

Cada vez que vejo papoilas que penso em ti, que me vem à memória, à lembrança, aqueles tempos em que pelos caminhos que levavam ao rio e à queda de água passeávamos e apanhávamos felizes, margaridas e malmequeres, dentes de leão, papoilas e outras mais flores selvagens, eu, concentrado em tentar fazer bouquets de flores para a tua mãe e tu, mesmo se um pouco também, andavas sempre mais despreocupado, a descobrir todas essas maravilhas que esse pequeno mundo floral traziam ao teu grande mundo imaginário, no vagar próprio das crianças. 

A nossa casa dava sobre um cruzamento para a estrada principal, era uma casa antiga composta de dois andares, num primeiro andar o apartamento, ao rés da estrada tínhamos a garagem, um antigo estaleiro de carroças da altura em que os carros ainda não existiam e o comboio era rei. Quando saiamos, descíamos pelas escadas exteriores que davam directamente sobre a estrada, do outro lado havia um parque de estacionamento e a antiga estação de comboios agora transformada em escola primária, e depois o rio, o rio atravessava tudo, vinha da direita, passava por debaixo da ponte que fazia a ligação entre a estrada onde vivíamos e a povoação e continuava para baixo, por detrás do parque, da escola, e descia ate à grande cascata que caia a pique, que fazia o nome da terra e que atraia turistas de todos os lados. Naquele verão, a azafama que pairava naquele cruzamento antes da ponte e naquele parque de estacionamento era de tal ordem que a mim só me apetecia fugir, ou ficar fechado em casa de janelas fechadas, ouvidos e olhos tapados à espera que o tempo e o barulho das buzinas e das motas passassem e nós, no meio disto que só queríamos viver descansados no campo, no meio das árvores e do silêncio. A casa tremia com o passar dos camiões ainda antes das seis da manhã e o barulho só terminava à hora que o sol se punha. 

Saia contigo de manhã, tentava faze-lo cedo, quando ainda não havia ninguém na rua, a passear, levávamos a Emma connosco, descia as escadas com ela pela trela e tu pelo braço, com paciência poderia deixar-te descer sozinho,  às vezes acontecia, mas àquela hora da manhã já estava enervado, andava sempre enervado, sempre com pressa que fizéssemos a nossa volta sem sobressaltos, primeiro, descer as escadas, depois, atravessar para o outro lado da rua, depois, atravessar o parque de estacionamento e a escola e depois sim, relaxar um bocadinho enquanto caminhávamos de mão dada ao longo do rio. Aí, largava a cadela da trela mas sabes como ela é, uma vadia que não ouve ninguém, não quer saber, só quer é vadiar e cheirar por aqui e por ali, e lá ia ela, bem mais à frente, abandonando-nos e deixando-me sempre no meio termo entre a velocidade de cão e a velocidade de caracol, de um pequeno menino de pouco mais de ano e meio que só queria brincar e descobrir o mundo e eu já enervado, anda Gabriel, anda que o pai tem que ver onde é que anda a Emma, anda, que vem lá alguém com um cão, e tu sempre de arrasto que eu ainda tinha na memória a historia do pitbull, e cada vez que a saiamos que eu vivia stressado com essa história e com medo de encontrar outros cães pelo caminho, e que ela se fizesse atacar e isto e aquilo e tentava despachar os nossos passeios o mais depressa possível, para poder voltar para dentro de casa onde o stress  e o medo deixavam de existir. 

Mas nem sempre foi assim, na maioria das vezes guardamos na memória os traumas que nos percorrem e sofremos com o passado esquecendo os bons momentos que passámos, ao prolongarmos o caminho à beira rio parávamos sempre numa pequena clareira no meio dos pinheiros, mais afastada da estrada e do percurso pedestre principal, ai, não havia ninguém e ficávamos por lá, a brincar com as fagulhas dos pinheiros ou a desenhar com paus no chão, do outro lado do cruzamento havia igualmente uma clareira, enorme, cheia de erva, de malmequeres e margaridas e passávamos horas a ver as borboletas azuis que por lá dançavam, mas o que tu mais gostavas era das papoilas, as bordas ao longo de todo o caminho pedestre que descia para a cascada estavam carregadas de papoilas, e tu adoravas apanhá-las, uma para ti, uma para mim, uma para a mãe.

Ontem de manhã ao chegar ao trabalho vi as primeiras papoilas da estação, e fiquei assim, a pensar em ti, o dia todo a pensar em ti, elas eram e são como tu, assim tão belas e tão frágeis que assim que as arrancamos da terra que as suas pétalas caem, e eu, sempre na minha brutalidade sem tacto para cuidar, tento fazer o melhor que posso e lembrei-me desses tempos, desses tempos em que apanhávamos felizes, margaridas e malmequeres, dentes de leão, papoilas e outras mais flores selvagens, eu, concentrado em tentar fazer bouquets de flores para a tua mãe e tu, mesmo se um pouco também, andavas sempre mais despreocupado, a descobrir todas essas maravilhas que esse pequeno mundo floral traziam ao teu grande mundo imaginário, no vagar próprio das crianças.



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

1984, o Aviador Ucraniano e as Teorias da Constipação

 

Muito tenho vindo a pensar sobre as cada vez maiores semelhanças entre a distopia de Orwell e a realidade que vivemos, no entanto, e antes de vos contar a história do aviador ucraniano gostaria de fazer um paralelo sobre uma passagem de 1984 que me ficou na memoria (a reler) e o presente momento em que vivemos. Ora se bem me lembro, e não querendo cair em erro, havia uma cena, ou uma ideia, em que a ração de chocolate é reduzida de um dia para o outro, e as pessoas nesse mesmo dia já nem se lembram que a ração de chocolate era superior no dia anterior, e que todo este tipo de medidas eram sempre tomadas pela segurança da população e do estado, ao mesmo tempo existem na história três potências mundiais que estariam constantemente em guerra (sempre guerra nas fronteiras e pelo que me lembro, acordadas entre eles) reduzindo de mais em mais as liberdades e direitos das pessoas, do povo (nota que este livro é também o livro onde o conceito de Big Brother é inventado, o Grande Irmão, que vê tudo e sabe tudo, de onde deriva esse magnífico programa de televisão) no entanto, e citando João Bernardo na contracapa da minha versão de 1984 publicado pela Antígona: “ Curioso percurso, o desta alegoria inventada para criticar o stalinismo e invocada ao longo de décadas pelos ideólogos democráticos, e que oferece agora uma descrição quase realista do vastíssimo sistema de fiscalização  em que passaram a assentar as democracias capitalistas.”

No entanto, o que é que tudo isto tem a ver com o aviador ucraniano, tem a ver que fruto da companhia diária dos meus amigos romenos, obviamente e por várias e distintas razões como por exemplo a simples geografia, estão bastante mais interessados do que eu nesta história da Rússia e da Ucrânia, e vim, como dizia, a saber desta história de um aviador da força aérea ucraniana, que quando foram dadas as ordens de pegar no avião e ir para a guerra ele virou a sul e foi de jacto aterrar na Roménia, em Bacau, de onde é um dos meus colegas, fugindo assim da guerra, desertando e era precisamente neste ponto que eu queria pegar.

Se, e digo se, todos os militares russos se recusassem a combater e a responder a ordens de malucos, pura e simplesmente não haveria guerra, o mesmo vai para os militares ucranianos e para todos os militares do mundo, se não houvessem militares para executar ordens como poderia haver guerras destas? Se o presidente da república ou o teu patrão te mandar saltar duma ponte tu tens sempre a escolha de recusar, obviamente que podes ter que arcar com as consequências dessa recusa, mas se aqueles que forem aplicar as sanções a essa recusa, se recusarem também eles de sancionar, percebe-se onde quero chegar? E se o policia se recusar a servir a autoridade e trabalhar para um governo corrupto e aceitar servir o povo que se manifesta? Nada é mais do que uma questão de escolha individual, ganhando a consciência de que todos somos um e que todos somos irmãos a recusa de matar ou de agredir torna-se evidente, mas, é logico que é preciso ganhar essa consciência e a coragem de o fazer. Se o aviador ucraniano ganhou essa consciência ou não, eu não sei, mas sei que pelo menos ganhou medo pela vida e consciência que seria ridículo morrer por cumprir ordens de tolos muito confortáveis nos seus cadeirões de couro a fumar os seus charutos cubanos.

Tu, eu, nós, todos temos o poder da escolha, o poder de aceitar ou não cumprir ordens, e o mesmo vai para a loucura do Covid, para as escolhas politicas, alimentares e de consumo geral, por exemplo, és contra a destruição da Amazónia, toda a gente o é, mas toda a gente continua a comer carne primeiro preço alimentada com cereais, nomeadamente a soja que vem e é responsável por essa mesma deflorestação, basta fazer a escolha de não consumir (nota que 80% da soja produzida na Amazónia é para alimentar animais, que por sua vez são criados para nos alimentar) boicotando o produto, boicotas o sistema, cabe a ti e a todos de o fazer,  como os produtos da China, O MacDonald, o Aliexpress, a CocaCola, a Amazon e etc, mas tem que se ter a consciência das consequências e aceitar que não se pode continuar a viver da mesma maneira, as pessoas querem tudo, falam de tudo, criticam tudo, mas a capacidade para agir, que está mesmo ao seu alcance fica sempre para amanhã, metendo bandeirinhas da Ucrânia ou do “Je suis Charlie”, ou do que quer que seja no perfil das redes sociais, e os Iémens e as Somálias, e as crianças e isto e aquilo, onde andam? Vão com o buzz mediático? A Maria-vai-com-todos? Não, não quero eu, na minha humildade pregar sermões ou falsas morais, mas, eu tenho a consciência de que é preciso agir e parar com a hipocrisia, que é preciso abraçar essas decisões e sim, eu tomo-as e eu faço-as, como já tenho vindo a falar por aqui. Continuo a acreditar que o boicote é uma das melhores armas que temos contra este sistema e citando Gandhi “sê a mudança que queres ver no Mundo” tento faze-lo, o melhor que posso, e acredito que a mudança virá um dia, esteja eu ainda aqui ou não!

Para concluir e voltando a 1984, qualquer parecença entre esta distopia de Orwell e a realidade nada mais é que uma pura alucinação de complotista, negacionista, brunista e mais uns quantos istas, e sendo eu muitos desses istas, serei aquilo a que muito consideram ou chamam de maluco, deixem-me então ser um maluco, portarei de bom grado o meu chapéu de alumínio, protegido contra ordens alienígenas, serei e sou um maluco, mas um maluco livre, livre e consciente das minhas escolhas e consequências das mesmas, prisioneiro num mundo de malucos, sim, talvez todos eles, sem dúvida muito mais malucos do que eu, mas deixem-me ao menos viver livre a minha loucura, às crianças e a todos aqueles que querem ser verdadeiramente livres e não nos queiram prender no vosso mundo!



Publicado originalmente no Facebook a 26 de Fevereiro de 2022

Matei o galo, Charly à Morue

 

Matei o galo ontem, não, esta crónica nada tem a ver com Benfica-Sportings nem futebóis, faz três anos que não vejo um jogo de futebol, e para quem me conhece sabe o quanto isso é grave, mas não posso, nem quero, apoiar mentiras por isso simplesmente boicotei, chamem-me brunista, negacionista ou qualquer outro ista, na verdade, nem sequer sabia que jogavam, descobri hoje por acaso, no meu feed de noticias do facebook, mas pronto, voltando ao assunto e ao galo…

Matei o galo, ontem de manhã, apanhei-o de manhãzinha na alvorada gelada, assim que abri a porta do galinheiro, estava à espera dele com um saco, para o caçar assim que ele saísse, e ele saiu, como sempre em primeiro, mas por forças ocultas mudou a sua rotina ou sentiu a minha presença ou pressentiu o seu futuro e ficou à porta, sem avançar, fi-lo avançar com um gesto e fechei a porta atrás dele para que as galinhas não saíssem, para que elas não vissem (olhos que não veem coração que não sente, diz-se) o saco já não servia para nada, corri atrás dele e entalei-o contra a vedação, apanhei-o, segurei-o pelas patas, virei-o de cabeça para baixo e levei-o para o lugar que tinha preparado no canto do jardim, uma tabua rija no chão, o machado, uma faca e uma panela, e preparei-me para a matança. Pousei-o sobre a tábua, pus o joelho em cima das patas, para que não as mexesse, puxei-lhe as asas para trás das costas e prensei-as também com o outro joelho libertando-me assim as duas mãos, fiz uma prece por ele, sem juntar as mãos que não preciso disso, ele, ainda mexia a cabeça e tentava levantá-la, mas à força da posição ela ficava à mercê do meu machado e foi o que fiz, peguei no machado e de um golpe só, seco e forte, matei-o, cortei-lhe o pescoço, o corpo estrebuchou com força, abanou e segurei-o para que não fugisse pelo jardim, de cabeça pendida a correr-me por cima das couves, morreu de um golpe só, mas mesmo se o pescoço tivesse separado do corpo a pele não se tinha separado, ora ou o machado não estava suficientemente afiado ou a pele, demasiado forte e elástica não cedeu e por isso tive que fazê-lo com a faca, degolei-o e deixei escorrer o sangue para a panela, queria tentar aproveitá-lo para fazer uma cabidela, mas como não sou ainda muito dotado nestas coisas não consegui recuperar grande coisa. Fez-se silêncio. Depenei-o na hora, mesmo se tinha preparado uma panela de água a ferver, sabia e já o tinha feito a seco com o meu outrora cunhado, na região de Ardéche, na realidade enquanto o corpo está quente consegue-se arrancar as penas sem problemas, tirando as maiores, das asas e da cauda, mais duras a arrancar.

 Levei-o para casa onde o lavei, limpei o interior, abri-o pelo ânus e extrai todo o interior, os intestinos, pulmões, fígado, coração, tudo, a moela também, no entanto é preciso abri-la e limpá-la, coisa que falhei, cortei-a onde não devia e sujei-a, é o que dá ser um maçarico nestas andanças, então, mas ò Pedro, nunca fizeste isso? Nas férias, no natal, na terra? Terra? Qual terra? Como gostava de responder com orgulho ou ironia, a minha terra era o Cacém, bom, mais precisamente a Agualva-Cacém, mas isso era mais difícil de explicar, o natal e as férias grandes eram lá passados e era a minha avó, que na sua sábia e longa existência analfabeta, sabia todas estas coisas da terra, até que a casa, os campos e as quintas ao pé do campo do Agualva foram arrasados para a construção de prédios e mais prédios, e até que ela, e o meu avô foram viver para um apartamento num terceiro andar, e ela, mais resistente que o meu avô, foi envelhecendo até morrer com os seus altivos noventa e seis anos, e eu, mesmo se ainda me lembre dessa humilde casa onde o meu pai e os meus tios cresceram, debaixo de uma figueira entre galinhas e coelhos, nunca pude, infelizmente, ter acesso a esses conhecimentos, por isso, a moela, acabou por ser cozida com outros restos e ossos para o cão, que aqui nada se desperdiça!

A minha mulher disse-me, ah, lá vais tu fazer outra vez a moral aos outros, não, não mulher, não se trata de fazer a moral, trata-se de mostrar aos outros que as coisas, as palavras, não podem ser só da boca para fora e que se falamos de autonomia alimentar, se falamos de elevar a consciência e que se comemos carne deveremos perceber de onde vem, como se mata, a proximidade da morte e o quanto custa uma vida, sim, porque mesmo que esteja orgulhoso de ter tido a coragem de o fazer, foi a primeira vez, e mesmo sabendo que tinha que o fazer, sinto na mesma uma certa tristeza de ter acabado com uma vida e quem vive na proximidade dos animais sabe que eles também têm uma alma, que também têm um pedaço de Deus dentro de eles e que também têm direito à vida.

Convidámos por isso os meus sogros a virem cá almoçar hoje, uma espécie de homenagem a Charly o galo, no entanto, e visto que a minha mulher e o meu sogro não comem carne, ofereci-lhes bacalhau, ou como quem diz em francês, de la Morue, o Charly, esse, com os seus dois quilos e meio já limpo, foi ao forno durante quase três horas, com ervas alho e limão!

O Gabriel, esse, já me pedia há umas semanas, pai, quando é que matas o Charly, quero comer frango e quero as suas penas verdes, nada como a sinceridade cruel das crianças, mas na verdade, só o matámos porque se tinha tornado agressivo e não podemos dar-não ao luxo de ter um animal agressivo no pátio, a mandar bicadas e sem nos deixar passar, sobretudo com crianças ao pé, e foi por isso, sobretudo por isso, que o Charly à Morue!

 

Publicado originalmente no Facebook a 30 de Janeiro de 2022


2022 Decisões, Previsões, Impressões e outras Implicações

 

Tinha, na minha última crónica, escrito sobre prever o ano de 2022, o meu, não o do mundo que isso é demais para mim, mas por força das circunstâncias o trabalho foi protelado até então!

Faz por esta data uns dez anos que terminei o meu Mestrado em Artes Plásticas e meti-me na cabeça há uns meses atrás a ideia de dar uma volta na minha vida profissional e finalmente poder vir a trabalhar da arte, ( o mais próximo que estive disso foi: para além das performances enquanto Pai Natal e duende em Óbidos, o trabalho que a Isabel me tinha arranjado em Londres como técnico de manutenção e transporte  de obras de arte) no entanto, por várias e diversas razões decidi abandonar essa ideia a presente.

Porque será que alguém que investiu nisto, mais de 10 anos da sua vida, sim, contanto no mínimo com o ensino secundário, estaria agora, dez anos depois, próximo do seu objectivo, disposto a abandonar a ideia de viver da arte, depois deste tempo todo? Ora porque eu não ambiciono viver da arte, eu ambiciono viver para a arte, o que faz e é, uma grande diferença, chamem-me um romântico, um utópico ou o que quer que seja! Eu considero que a arte (a verdadeira) tem o poder de mudar as pessoas e o mundo e é nisso que eu quero investir a minha vida, se isso depois der para eu viver tanto melhor, se não azar, mas eu acredito na mudança e acredito (ainda) na humanidade, acredito que esta Terra poderia e pode ainda ser o Paraíso, que os homens têm um fundo de bondade e que transformando a mentalidade das pessoas poderemos transformar o Mundo, e que a Arte tem esse poder de mudar mentalidades. 

Esta última passagem de ano permitiu-me voltar a Lisboa, (desde antes da pandemia que não ia a uma cidade desse tamanho) e deixou-me profundamente triste ver o condicionamento e o estado de alma da maioria das pessoas que cruzei, lembro-me de estar no autocarro e ver toda essa gente entrar com as mascaras na cara e os olhos vidrados, cinzentos, cansados. Não farei, por hoje, morais quanto às politicas que têm sido tomadas para combater esta “pandemia”, mas poderia deixar aqui algumas questões logicas e obrigatórias sobre o caminho que temos seguido enquanto indivíduos e comunidade e falar sobre engenharia do consentimento, controlo de massas, etc., mas deixarei isso para uma outra vez, o que é certo é que isso também se reflete na minha realidade e levou-me a mudar a minha estratégia para este novo ano.

Decidi assim seguir uma estratégia baseada no Taoísmo e no conceito da não-acção, que significa mais ou menos que não agindo, ou parando de agir, sem forçar e deixando que o mundo e a vida sigam o seu fluxo natural, o que tiver que chegar até nós, chegará. Ora isso é mais fácil de dizer do que fazer porque vivemos constantemente na angustia do futuro, do fazer e do querer, no entanto decidi tentar abandonar esses sonhos e simplesmente deixar-me levar pela corrente. Mudei assim de objectivos, aceitei a pena do trabalho e centrei as minhas ambições na escrita do meu segundo livro, é esse, o meu único projecto palpável para 2022, tudo o resto será, como se diz na giria, o que Deus quiser!

Ora foi precisamente por causa do trabalho,  que hoje, no meio das vinhas e dos meus colegas romanos decidi e pensei esta crónica, começo a estar farto de estar rodeado de brutos, de homens que só falam e desejam guerra e violência, que veem as mulheres como objectos e que não pensam em nada mais do que a eles próprios, sem a mínima noção de sociedade ou de todo, homens que ainda mandam lixo para o chão, mas  bom, sobre eles farei a minha homenagem mais tarde, a quando de um livro que também já existe na minha cabeça, faltando somente materializa-lo mas os pensamentos voam mais rápido do que a luz e não tenho tempo para fazer tudo o que queria e gostava, mas sim, como dizia, foi, no meio disto quem meti os meus auscultadores e dei com o Dark Side of the Moon, dos Pink Floyd e fui enviado directamente para o espaço, já não estava ali presente no meio das vinhas, não ouvia mais ninguém, só aquela musica psicadélica, aquele arquétipo de beleza que me enviava para lá do sistema solar, e pensava  no psicadelismo e que não é preciso drogas para viajar, o poder da mente é suficiente, na realidade, o facto de não me querer injectar uma droga experimental no corpo foi uma das razões de continuar nas vinhas, digamos que já tive o meu período de drogas experimentais, onde sabia perfeitamente o que elas me faziam ao corpo e à mente, era, de facto a mente, que eu queria aniquilar, não o corpo, em relação a esta nova droga proposta recuso e com isso aceito as consequências nomeadamente o que a ofertas de emprego e vida social diz respeito.

A minha mulher, teve hoje, e não é a primeira vez que o faz uma saída pertinente em relação a isso enquanto que eu me enervava com os miúdos por causa das birras, dizia ela: “lá vais tu fazer o filosofo para os outros quando é aqui em casa que o devias fazer, ou ser”, na realidade tem razão, mas antes de me ocupar da minha casa tenho de me ocupar de mim próprio, é lá dentro, dentro de mim que tenho primeiro que me limpar, ela sabe, foi também, uma das razões dadas para continuar neste caminho, trabalhar a paciência, a perseverança, aprender a aceitar o caminho escolhido, por mais duro que ele seja, a culpa não é de mais minguem que não de ti próprio! Entretanto estou a ficar velho e cansado, fiz 36 e parece que tenho 46, os cabelos caem, a barba fica branca, as rugas formam-se no meu rosto e a pele endurece e nada disto é obra do Sol!

O caminho traçado poderá sofrer desvios abruptos e mudanças inesperadas, mas nós estamos aí, abertos à mudança, abertos ao desconhecido, sem medos, sem receios, com alegria e amor!

Un emmerdeur!



Publicado originalmente no Facebook a 21 de Janeiro de 2022




Elias e o carro de Fogo

 

Já faz algum tempo que nada tenho escrito por aqui, certamente porque tenho muito mais que fazer na vida do que andar a escrever textos nas redes sociais, no entanto esses textos, permitem-me por vezes não só limpar a mente de algumas ideias como também (e é esse o meu primeiro objectivo) passar essas ideias ou mensagens a quem os lê, no caso de hoje, sobre algo que tenho vindo a fazer ao longo do ultimo ano, isto é, a escrita do meu primeiro livro.

Terminei então a escrita desse meu primeiro livro, intitulado “Elias e o Carro de Fogo”, um livro escrito com uma intenção inicial, que se foi moldando durante o tempo, uma espécie de um ensaio romance, um pouco de ficção e muito de auto-biográfico (não fosse a auto-análise uma das melhores terapias para vencer o ego, esse problema cronico dos artistas), mas avançando, um relato de um pai e as suas problemáticas na vida, o percurso da sua família ao longo dos nove meses de gravidez, com mudanças de casa, trabalhos, lugares, doenças e outras situações no caminho da mudança e na busca da felicidade.

Tinha como intenção primária que este livro funciona-se como um exemplo, que mesmo nestes dias obscuros que temos vindo a viver, que com esforço e dedicação podemos mudar o nosso próprio caminho e que nada poderá deter essa vontade, e que outro exemplo poderei eu dar melhor do que aquele que eu conheço melhor, o meu, tendo escrito este livro entre as cinco e as seis da manhã antes de ir para a minha rotina de trabalho ao longo deste ano de 2021, ele está pronto, finalizado, à espera somente de editora que o pegue (isso, será tratado no devido tempo, mas aceito sugestões). Nada disto é presunçoso, não quero aqui vangloriar-me, ou dizer que faço e aconteço e isto e aquilo, quero simplesmente fazer-vos saber que é possível, mostrar que se pode continuar a sonhar, que se pode mudar o rumo dos acontecimentos, com força de vontade e coragem, e com muito trabalho, como a galinha, grão a grão, dotados de uma dose infindável de paciência e benevolência para com isto tudo, como diria um outro filho de Deus (perdoai-os meu pai, porque não sabem o que fazem!).

Bom, voltando ao assunto, de salientar que o segundo livro já está programado e logo, logo, começará a ser escrito, por agora tenho outros afazeres e prioridades, mas cada coisa no seu tempo, escreverei qualquer coisa por aqui, ainda antes do fim do ano, talvez previsões para 2022, até lá ainda muita coisa vai rolar (como dizem os brasileiros), deixo-vos então, assim, com um pequeno excerto que acho particularmente bem conseguido, espero que gostem, um abraço e até já.

 

“Nunca pensei que ser pai viesse a ser isto, às vezes acabamos por nos comportar como crianças, completamente embriagados nas brincadeiras e nos risos dos nossos filhos, abraçar, dar beijinhos, mudar fraldas e morder as bochechinhas e as perninhas e rir como um idiota com o seu sorriso, dar-lhes banho, amor e a papinha à boca, e não dormir noites e noites, ouvir chorar e mais chorar, ficar com os nervos à flor da pele, desesperar e embalar e transportar a eles e a mais vinte mil coisas às costas, sacos e carrinhos de bebé, roupas, brinquedos, tralhas e começar a ver os primeiros passos e correr atrás, dobrado para servir de apoio ao caso de se desequilibrar e ter medo, muito medo, medo que caia, medo que se aleije, medo que sofra, porque nós sofremos também, medo que se engasgue, medo que morra, porque qualquer acidente com as crianças pode ser fatal, e se ele morrer, nós morremos com ele e todo o nosso sonho é destruído, mas mesmo assim vamos continuando, enfrentando esses medos de dia para dia porque não temos outra escolha a não ser fugir, mas se fugires já não és pai, e onde anda o amor e a doçura? Onde anda a poesia? E agora já anda, já corre, já salta, já fala, já grita e canta, já vai à escola e o tempo passa, mas os seus olhos continuam a brilhar alegria e inocência e tu só o queres proteger, que ele continue assim, que ele não perca essa alegria e essa inocência própria das crianças, esse olhar, que ele não sofra o que tu sofreste enquanto cresceste e enfrentas-te a vida, que dói, e os desgostos de amor e as amizades e a escola e as lutas e o trabalho e as frustrações próprias da vida, e todas essas coisas que vão construindo em ti um muro de betão, de resistências e medos face à vida e aos outros, mas não há volta a dar, tens que os enfrentar, és obrigado a fazer cair o muro que te separa dos teus sentimentos e emoções e aproveitar ao máximo cada segundo da vida, cada momento que tens com ele, mesmo quando chegas a casa derreado do trabalho e só queres dormir e descansar e ele vem e não te deixa, salta-te em cima e se não aproveitares agora, aproveitarás quando? Quando ele for mais velho e partir? Sim porque um dia todos partem, quando ele já não quiser brincar com o seu pai? Quando o relógio do tempo indicar as horas da velhice e ele já não for o menino pequenino que é, quando viver numa outra casa quem sabe, quando ele já não estiver lá, quando ele já não estiver aqui, poderei eu olhar para trás e dizer que fiz tudo o que podia por ele? Por nós? Por mim? Tentarei.”



Publicado originalmente no Facebook a 3 de Dezembro de 2021







Galinhas, Vindimas e Realização de Sonhos

 

Um grupo de jovens italianos vindo a maioria deles de Nápoles atravessaram a Itália até Livorno onde apanharam o barco para Bastia, na Córsega, atravessando depois a ilha para virem vindimar uma semana connosco.

Um grupo bastante heterogéneo de rapazes e raparigas, todos eles na casa dos vintes, estudantes das mais variadas áreas desde Antropologia a Astrofísica, traziam com eles não só um bom espirito e uma boa atitude como também os olhos carregados de sonhos e a força de mudança própria da juventude.

Trouxeram também com eles a minha memoria, neles revivi os meus tempos de estudante e as semanas de Verão a apanhar Pera Rocha no Oeste de Portugal, ao Sol com os amigos, todos nós ainda cheios de juventude de sonhos e de ideais. No entanto, e o mais importante nestes tempos absurdos, foi que foram capazes de me trazer um pouco mais de esperança na humanidade e a oportunidade de ver que a juventude ainda alimenta sonhos e ideais, cheios de gente boa de alma e de coragem.

Apesar de nestes tempos de redes sociais toda a gente querer mostrar sempre a sua felicidade e coisas boas, ninguém se iluda de que a vida dos outros é fácil e bonita enquanto que a sua não o é, isso, são armadilhas comunicacionais as quais teremos que saber ler e distinguir, mas que mesmo no meio das adversidades do dia a dia, do bébé que não dorme, da dureza física do trabalho, da rotina, da mulher cansada, da falta de sono e de repouso constante a vida é para ser encarada de frente e assumir as escolhas que se faz, sem medos e sem receios.

Ao olhar os meus amigos italianos e as escolhas que fiz ou deveria ter feito quanto tinha a idade deles penso na ignorância e cegueira da qual era vitima e culpado, passando mais tempo a beber copos e fazer a festa do que a preparar o futuro e a saúde, desconhecendo as consequências de tais actos, no entanto, acabei por ser abençoado e ter tido, mesmo que tarde, tempo de ganhar consciência da sorte que tenho, de nada me arrependo pois tudo isso me levou onde estou hoje, e se não fossem essas escolhas nunca teria vindo aterrar nesta ilha nem conhecido a Camille!

Os sonhos esses, são e serão sempre para realizar e enquanto que alguns existem já no universo e esperam a sua hora para se materializar outro vão-se materializando à força do trabalho e das escolhas no caminho da vida. Na lista estão a quinta, as arvores de frutos, as galinhas, os livros a escrever e a ser escritos, as pinturas a fazer, as musicas a compor, as crianças a fazer crescer, a companhia da Camille, os peixes a pescar, os novos sítios a visitar, e muitos mais, e nada, nada que possa vir de ordens extraterrestres poderá parar este ciclo.

Nestes tempos obscuros o combate será feito através da luz e da realização dos sonhos, assim como os meus amigos italianos, assim como a juventude que querem oprimir, a engrenagem está em marcha, a flecha foi lançada e nada, mas nada mesmo a poderá parar, sem medos, com coragem, para a frente, para a mudança do mundo, para a mudança de paradigma, pela juventude nova do mundo que à de vir, eu percebi, que como à 15 anos atrás, a minha juventude e os meus sonhos ainda vivem dentro de mim, espero que os teus também!



Publicado originalmente no Facebook a 29 de Agosto de 2021



O meu Irmão Tiago

 

"Segui o meu irmão até ao coração da Amazónia. Ele teve a coragem de subir o rio e de mergulhar nele, foi ver os índios e abraçar a tribo, foi abraçar as profundezas da floresta, como fénix foi às profundezas de si mesmo queimar, morrer, renascer e redescobrir-se! "

Ao contrário do meu irmão não precisei de ir à  floresta ver os índios,  eles estão dentro de mim, assim como o meu irmão está,  a minha viagem tem sido outra, e os índios e os seus espíritos apresentaram-se a mim de outras maneiras, no entanto tenho seguido o meu irmão em muitas outras coisas, na sua coragem e força de estar,  na sua rebeldia, e mesmo no acto de deixar crescer os cabelos de novo (já lá vão uns 15 anos), ele talvez, tem-me tentado seguir a mim em outras coisas, não sei... sei que somos irmãos de sangue e de alma e que podemos estar anos sem nos ver-mos, que dentro de nós sabemos se tudo vai bem ou mal!

Assim como o meu irmão Tiago,  também eu estou na resistência e a preserverança e a força de vontade estão connosco,  e a verdade está connosco, e a justiça está connosco, e o amor está connosco, e os índios mesmo que perseguidos, chacinados, expropriados e vilaniados estão connosco e nós com eles e com todos aqueles aí e por este mundo fora têm sofrido as correntes da repressão,  com os povos africanos, os escravos, os ainda hoje colonizados, com os palestinianos expoliados,  guettizados, com os tibetanos, as minorias, os curdos, os tchetchenos, os ciganos, os imigrantes, eu sou, eu, do alto da minha Europa, do alto desta República Macroniana Francesa estou com eles, do alto deste Apartheid estou com eles,  e estarei sempre!

Somos todos iguais, todos homens, todos seres começa a estar na hora de todos compreendermos que somos todos diferentes e todos iguais e que nenhum homem é  superior a um outro, começa começa a estar na hora de cada um compreender que não há outro lado que não a Mãe Terra!

Saudações a todos e um grande abraço

Haux Haux


Publicado originalmente no Facebook a 24 de Maio de 2021









Célula e Membrana

 

Nesse dia o alarme tocou como habitualmente, eram seis da manhã e preparava-me para ir trabalhar quando descobri, no meio da rotina vespertina, a mensagem da Sofia, convidava-me a participar numa iniciativa relacionada com o aniversário da Associação a9)))).

 Fui para o trabalho a pensar nisso, tentei fazer um esforço para me lembrar de como os tinha conhecido, sem dúvida através do Tiago, e pensei, pensei nas noites de Leiria, na exposição na Livraria Arquivo e na sede da a9)))), numa ruela de Leiria, pensei na mota do Tiago e a casa dos seus pais, no André e na Isa, no Hugo, no Lau, na Susana e no Gonçalo, fui revisitar ao facebook as pinturas do Gaivoto e do Leonardo, pensei nos textos do Álvaro, pensei no João e na Sofia, que seria feito deles? Há coisas que já não me conseguia lembrar, entre muitos copos as memórias vão dando lugar a lapsos...

Pensei na Joana e no Paulo, no João e na Bia e a essa gente toda que conheci por aí, pensei em todo o trabalho e luta por uma cultura maior, mais desenvolvida, mais evoluída, mais crítica, pensei em todos esses sonhos de mudança, será que os continuam a alimentar, no país do elefante branco? Que será feito de todos eles, ou, que será feito de mim?

 Pensei e pensei e pensei, voltei a casa no final do dia, depois do trabalho nas vinhas, o meu filho correu-me aos braços e no seu francês materno disse-me: "ça etait bien le travail papá? Je t'aime! " e deixei de pensar!


Publicado originalmente no Facebook a 22 de Março de 2021













Sobre Mulheres

 "Encontrei o Universo no brilho dos seus olhos, brilhavam tão intensamente como o mar de Julho, ao nosso lado, reflectindo a luz do sol, e mergulhei, mergulhei para me perder... à noite nadamos sob as estrelas e os deuses, e por lá fiquei, fiquei para me encontrar."

Esta é a mãe dos meus filhos, a minha companheira, a "minha" mulher, se bem que somos nós homens quem lhes pertence, de quem vimos! É uma mulher de força, de coragem e resiliência, uma mulher de armas, uma mulher de fogo. Vi-a parir duas vezes, a energia libertada é algo de inimaginável,  eu, não acredito que poderia resistir! Uma mulher que se encontra agora, em casa, a cuidar dos filhos, por opção,  porque podemos, nada disto tem a ver com estruturas arcaicas, patriarcais, tem sim tudo a ver com o cuidado que queres dar aos teus filhos, e com a melhor maneira de o fazer, tem a ver com maternidade e paternidade.

Para além dela conheci e conheço muitas mulheres, pego o exemplo da minha mãe,  a primeira mulher da minha vida,  aquela que me trouxe ao mundo, a subir nove andares de escadas com as compras e os filhos ao colo, que trabalhou a vida toda, chegou mesmo a acumular três trabalhos ao mesmo tempo e ainda garantir que em casa estivesse sempre tudo em ordem e com amor.

Conheço outras, amigas, mulheres livres, independentes, obrigadas a lutar o dobro numa sociedade que não lhes dá o devido valor, outras ainda, que provam agora o sabor da maternidade e que têm de jogar entre isso é os seus trabalhos, a carreira, o sistema, a sobrevivência!

Não consigo conceber ainda como podem homens continuar a maltratar as mulheres, bárbaros, cobardes, infelizes que ainda não perceberam que são as mulheres que fazem de nós homens, e eu quero sê-lo, cada vez mais Homem, de valor, por elas, pelos meus filhos!

São elas os pilares, as fundações das nossa casa, são elas o tecto, as paredes, as portas e janelas da nossa casa, são elas o fogo, a lenha e o crepitar da fogueira da vida!

O dia internacional da mulher foi ontem, mas ontem já era tarde, por um mundo de igualdade,  por um mundo digno delas!

Um bem haja a todas as mulheres do mundo, sem elas nós, e o amor, simplesmente não existiriamos!




Publicado originalmente no Facebook a 9 de Março de 2021



2021 Odisseia no Espaço - Afirmações

 

Fez ontem 2 anos que deixei de fumar, e, na realidade, o segredo está na força de vontade, é psicológico,  nada tem a ver com o fisico.

Fez também neste mês de Janeiro um ano que a cloroquina foi retirada de comercialização em França  ( 50 anos depois da sua utilização ), e foi este fármaco um dos utilizados para tratar a minha mãe de covid, em Abril passado.

Ora é sobre estes temas e o que se tem passado no Mundo nos últimos tempos que tenho vindo a pensar.

Se por um lado tenho visto visto as maiores incongruências a nível político mundial, na gestão desta pandemia, também tenho visto as maiores incongruências na forma de estar e agir das pessoas, como por exemplo, circular sozinho no seu carro de máscara na cara!

Parece-me que chegamos a um tempo da história onde as pessoas perderam a capacidade de pensar, de reflectir, de analisar e construir pensamento crítico.

Chegamos a um tempo onde  tudo e bipolarizado e a capacidade de diálogo desapareceu, esfumou-se nas novas tecnologias e redes sociais.

Chegamos a um tempo onde dá-se mais importância a um vírus respiratório com uma taxa de mortalidade inferior aos acidentes de viatura ou levar com um asteroide na cabeça, que aos milhões de crianças vítimas de abusos, vítimas de trabalho escravo, em minas e fábricas, vítimas de subnutrição e fome.

Chegamos a um tempo onde o ser humano vai a correr comprar carrinhos de papel higiénico,  onde lança milhões de máscaras descartáveis e plástico ao mar, queima as grandes florestas para produzir cereais, que alimentarao animais, que por sua vez serão sacrificados nas suas vidas miseráveis para alimentar o Homem... sem que nada disto seja questionado, repensado, sem que políticas verdadeiramente eficazes sejam postas em prática. .. mas... as políticas de repressão mental e social estão aí!  As políticas de repressão e castração das liberdades individuais estão aí!

Não vou desdobrar-me em factos e evidências sobre o que se tem estado a passar, mas acho que está na hora de as pessoas desligarem a televisão e de virem cá para fora ver a verdadeira realidade, o dia bonito que faz,  o nascer do sol, e a beleza da vida!

Chegamos a um tempo onde quem pensa, critica e questiona é  chamado de complotista, de negacionista... mas, existem homens capazes de matar outros homens por alguns euros... não existirão também homens capazes de o fazer por biliões de euros? Por ideologias? Não existem homens capazes de matar outros simplesmente porque a cor da sua pele é diferente?

As pessoas têm de parar de acreditar em tudo o que os médias lhes dizem, porque mesmo esses tem fundos e programas, não é a toa que se chama programação ao que passa na televisão,  ou na escola por exemplo.

Pois bem, acho que está na hora de as pessoas começarem a desprogramar!

Desculpem família,  mas não estou mais disponível para participar nesta loucura,  neste devaneio geral.

Não contem comigo para vacinas experimentais e se por ordem das minhas ideias tiver que ficar fechado nesta ilha até ao resto da minha vida assim o farei!

Nunca mais voltar à minha terra? A minha terra é a terra dos meus filhos!

Estou pronto e preparado, não tenho medo, estou pronto para a batalha e... como dizia no inicio, ela é psicológica,  e eu... estou mais forte!

Tenho a força de vontade,  tenho a força da verdade, e tenho os meus!!!


Publicado originalmente no Facebook a 2 de Fevereiro de 2021


La Maison des Insectes, sem Mascaras

 

Venho de acrescentar ao album "Les fruits de mon Jardin" a minha ultima pintura desta serie e, provavelmente dos proximos tempos (La Maison des Insectes)! Esta pintura foi desenvolvida durante o periodo de confinamento e acaba por ser uma representaçao parcial do jardim/horta que vinhamos a desenvolver! Ela, mesmo tendo sido pintada na Primavera, fala sobre o Outono, tempo de preparacao e abrigo para o Inverno que ha de vir!

Mesmo que por tempos de confinamento nada nos poderia prever o avenir, o que é certo é que um furacao de acontecimentos sucessivos levam esta pintura a concluir uma serie que comecou com o nascimento do meu primeiro filho Gabriel, e termina com a anunciaçao do segundo filho, previsto precisamente para o ultimo dia de Outono, primeiro de Inverno.

Ao mesmo tempo, o vento empurrou-nos de novo para a Ilha da Corsega, pondo assim fim a um ciclo de quase tres anos no sul de França, voltando ao lugar onde o Gabriel nasceu e onde nos conhece-mos, eu e a Camille!

Perseguindo o sonho, esperamos assim o nosso segundo filho, voltando à ilha, afastando-nos de novo da loucura que tem vindo a assolar o Mundo, e que se ressente em maior quantidade nos espaços urbanos e semi-urbanos, sem fuga possivel, consideramos que a vida no campo é, nao so nossa vontade e parte do caminho para a felicidade, mas tambem a possibilidade de trabalhar para a auto-sustentabilidade, para criar as crianças em comunhao, com plantas e animais, em comunhao com a natureza e a paz e alegria que dai advem! Ser tambem presença util para a comunidade e estar cada ve mais envolvido com o desenvolvimento sustentavel da mesma a nivel local e regional!

Porque é preciso olhar-se para si mesmo, e revelar-se (nao so a si mas tambem ao mundo) compreender quem somos e ter a coragem de agir, de mudar, de ser quem somos e de se assumir, deixo-vos aqui tambem a primeira musica de Protese Involuntaria, a banda da qual era e sou vocalista, porque cada vez mais acredito que é preciso ter a coragem de tirar as mascaras e as amarras que nos oprimem!



Publicado originalmente no Facebook a 10 de Outubro de 2020

Questões Cromáticas

 

Existe uma multiplicidade de factores que nos conduzem à percepção das cores, entre as diferentes capacidades dos nossos glóbulos oculares; ondas electromagnéticas e claro está   os efeitos de refracção e reflexão da luz solar.

É, entao, sobre este último ponto que me quero centrar!

Sabemos também que no espectro cromático o branco acaba por ser a total reflexão da luz e o preto a total absorção,  pelo meio existem milhões de variações que poderão ir do vermelho ao amarelo, ao creme, café com leite, castanho, etc ( vêm onde quero chegar)

Para quem não está informado, o ser humano (mas não só) é dotado de uma molécula chamada melanina, ( um pigmento escuro que protege o corpo dos raios UV) e que consoante a percentagem que temos no corpo obviamente escurece ou clareia o nosso tom de pele!

Ora passa-se que também, consoante a nossa posição no globo estamos expostos de forma diferente à  luz solar e o nosso corpo desenvolveu então, mais ou menos melanina de forma a se proteger ) de informar que ela é também responsável pela cor dos olhos e cabelos )

Considerar assim que um homem é superior a outro homem devido à cor de pele é ser ignorante.

Existem muitas soluções para curar a ignorância e a melhor é aprender, por isso vou deixar aqui algumas ideias:

1- fazer o amor com alguém de uma outra cor, se te faz confusão a cor apaga as luzes, vais ver que no escuro somos todos iguais, sentimentos são o que nos une!

2- vai viajar, mas para longe durante uns 5 ou 6 meses no mínimo, vai viver noutro país, noutro lugar, vais descobrir que todas as pessoas procuram o mesmo, ser felizes; e que há pessoas boas e pessoas mas em todo o lado e de todas as cores... podes também vir a descobrir o que é ser discriminado, ser alvo de racismo, talvez assim compreendas!

3- fuma uma granda ganza (mas de boa erva) e vai ouvir, sei lá, Bob Marley "Until the color of a man's skin/ Is of no more significance than the color of his eyes/ Me say war", vais viajar e compreender o sofrimento e a luta de todo um povo, de gerações gerações de gente, escravizado, roubada, expatriada!

Se nada disto der resultado tenho uma última solução para ti, mas essa, meu amigo, será uma viagem à qual não te poderei ajudar, e se não gostaste do que les-te, podes sempre apagar-me da tua lista de contactos, porque amigos destes... dispenso!

Este fotoshop foi feito à uns 10 anos, pelos vistos continua actual.  Saudações a todos especialmente àqueles que ainda acreditam




Publicado originalmente no Facebook a 30 de Maio de 2020


domingo, 27 de fevereiro de 2022

L'artiste est l'art, l'art est la vie

A alteraçao do nome da minha pagina de artista tem sido tema de longas reflexoes nos mais profundos confins do meu cérebro.

10 anos depois tentar transformar a parodia de "The greatest artist" em algo de mais actual (mesmo ue continue a se-lo) acaba por ser uma tarefa, para mim, complicada; e por diversas razoes acabo mesmo por me considerar "the greatest artist"!

Na realidade, a escolha da imagem, das imagens, que transportas para o espaço publico estao intimamente ligadas à percepcçao que queres que o outro tenha de ti (a menos que sejas completamente ingenuo e nao tenhas tu mesmo a percepcao sobre as diferenças entre espaço publico e privado).

Ora, essa percepçao vai alterando-se durante o teu tempo de vida assim como tu mesmo te vais alterando, exigindo ou querendo para ti coisas diferentes, nao propriamente melhores ou piores, mas novos caminhos, novas escolhas.

No meu entender, cada vez estou mais certo que a vida acaba por ser - a obra de arte -  onde engloba, a estetica e o divino e onde o artista (a serio) é pura e simplesmente um medium que tem a capacidade de expressar essa ideia das mais variadas formas, diria que as suas obras (sejam elas pinturas, musicas, danças, acçoes, teatros, poemas, etc), sao, no fundo, residuos de uma performance maior, que empurram o espectador a se confrontar com essa relacao entre mundos!

A coerencia entre o discurso falado e as acçoes acaba por ser assim um factor fundamental nesta performance, e cabe ao medium nao so revelar os valores fundamentais para a vida em harmonia neste planeta, como tambem de tentar viver o mais de acordo com os mesmos, dando por isso o exemplo atraves das suas acçoes, mais do que dos seus discursos (PS: sobre este tema estou bem rodado)!

Ao tentar compreender aquilo que tem sido o meu percurso/caminho de vida, entendi que seria a hora de alterar um pouco a minha imagem (neste caso virtual, mas publica). Isso começou a ser feito com esta serie de textos e fotografias mais recentes, assim como sera agora mais efetiva com esta alteraçao de nome.

"Pedro L'Artiste" foi o nome escolhido por diferentes razoes, a primeira e mais obvia, é posicao geografica em que me encontro e vivo, ao mesmo tempo que invoca um certo romancismo modernista, a segunda, porque deixo de ser o "the greatest artist" para ser simplesmente "o artista", o que pressupoe o artista num certo espaço/tempo, nao exigindo o titulo de "o maior artista", mesmo que continue a existir uma certa presunçao no titulo, (enviando-o para um patamar de unico, mas sem, claramente o dizer)!

Por ultimo a abrangencia que a palavra artista tem na propria linguagem, genero e percepçao de artista.

Nesta fotografia decidi assim compilar uma serie de acessorios e criar uma cena, uma tela, onde existo nesses termos, onde crio um personagem, para resumir, uma imagem - de artista, de arte, de modo de viver!

Seremos sempre parte integrante de um todo, nao o todo, e os traços que deixas para tras fazem parte de ti, mas nao sao "tu" e muito menos serao arte!




Publicado originalmente no Facebook a 7 de Abril de 2020

Londres, a Cidade, o Campo e o COVID-19

 

Durante estes utimos dias tenho vindo a pensar muito sobre varios temas, decidi hoje, dia da primavera reflectir um pouco sobre isto.

No final do meu calamitoso e destrutivo Verao de 2014 na cidade de Londres (sem deixar aqui de resalvar as boas amizades que me salvaram), decidi retornar a Portugal e compreendi que a vida na cidade era incompativel com a minha pessoa  por razoes obvias de tendencias auto-destructivas. Nesse sentido acabei por procurar a ajuda do meu irmao e depois de 3 meses a apanhar azeitonas nos recondidos de Tras-os-Montes entre Talhas e Talhinhas partimos para a Corsega.

Seis anos depois e mesmo tendo mudado da Corsega para o sul de França, continuo a fazer a minha vida no campo e isto leva-me ao ponto onde nos encontra-mos todos hoje, enclausurados numa realidade de ficçao cientifica, com um perigoso virus que pode apanhar qualquer um. A diferença aqui diz respeito aos modos de clausura em que cada um de nos se encontra.

Eu, encontro-me no campo, com horta e floresta à minha volta, continuo mesmo a ir trabalhar, no meio das vinhas, sozinho com o vento e o sol... mas, diria que provavelmente entre 80 a 90% da minha familia e amigos encontra-se fechada em apartamentos, sem arvores, flores e terra, com vizinhos em cima, em baixo, a passar portas, escadas e elevadores para entrar e sair de casa... tenho, os meus pais fechados no seu apartamento num predio de 15 andares, onde cresci, sem poderem sair, estou eu, a 2000km de distancia, sem poder sequer voar para os ver, estamos todos, assim, presos numa realidade orwelliana, mas devemos todos aproveitar muito bem este tempo (que vai se prolongar por todo o mes de Abril, no minimo) para reflectir e pensar sobre as prioridades da nossa vida, sobre o modo de viver, de nos alimentarmos e sobre o modo de habitarmos este planeta, e se a escolha é habitar a cidade, entao, a meu ver, esse modo de habitar tem que ser repensado, recriando as cidades, criando dinamicas de jardins e hortas espalhados pelos varios bairros das cidades, criando uma rede de sustentabilidade alimentar a nivel local, por exemplo.

Se ha coisa que este virus nos veio demonstrar é que o boicote acaba por ser extremamente eficaz no combate a este capitalismo agressivo em que o mundo tinha e tem evoluido e é é imperativo que as pessoas comecem a repensar os seus modos de consumo, nomeadamente alimentares, a politica de consumo local é essencial,  de proximidade e sobretudo amiga do planeta, isto quer dizer, de origem "biologica" sem quimicos, sem venenos. Para o consumo de carne é igual, reduzir e rever a origem das carnes, nao participar neste cormercio que escraviza e maltrata os animais, isso é completamente incompativel com o desenvolvimento sustentavel, harmonioso e feliz do planeta!

Trabalhando eu no campo, nas vinhas, sei a quantidade de produtos quimicos que sao lançandos à terra, que por sua vez vao à agua, etc, etc, até ao interior do nosso corpo. é imperativo acabar com isso e cabe a cada um simplesmennte escolher nao participar nesse negocio e comprar produtos livres disso.

Este virus, é na realidade, mais um Anti-virus da Terra, numa tentativa de reprogramar e mudar o rumo ds acontecimentos! O Ser-humano tinha e tem a responsabilidade de ser o protector e o "cuidador" do planeta, nao o seu destrutor, e enquanto cada um de nos nao acordar para esta sua missao continuaremos a estar confinados, enclausurados e presos a uma realidade que, na realidade nao nos pertence!

Desejo a todos os que tiveram a paciencia de ler isto ( e aos outros tambem) do mais profundo sentimento do meu coraçao votos de uma feliz entrada na Primavera, e mesmo se distantes fisicamente proximos em espirito, cheios de Amor, Luz, Alegria, e como diriam nos "3 Idiotas", "vai tudo ficar bem, e se ainda nao esta tudo bem, é porque ainda nao é o fim"  ou qualquer coisa do genero!





Publicado originalmente no Facebook a 21 de Março de 2020

Arte - Politicas Culturais e Afins

 

Tenho nestes ultimos tempos considerado sobre a utilizaçao da minha pagina de artista para comentar certas noticias da atualidade sobre os mais diversos temas. Esta indecisao prendia-se sobre os fundamentos da minha pagina enquanto veiculo promotor do meu trabalho artistico, e nao propriamente como uma pagina de propagacao de ideias "politizadas", diremos assim. Ora, constata-se que a propria criacao artistica é, em si mesma, um acto politico, e isto abre-me assim a porta a este tipo de accoes, em mais, e estando eu numa fase onde as condicoes para a criacao artistisca estao estagnadas, nao posso renunciar ao meu cerebro que continua a trabalhar.

Estes comentarios que poderei vir a fazer sao assim pontuais, aleatorios e centrados em temas especificos, neste caso em particular, politicas culturais, arte etc, etc...

Indo agora ao assunto de uma forma mais objectiva e contextualizando:

No passado mes de Dezembro uma obra de um artista portugues conceituado foi vandalizada; essa obra tinha sido adquirida por uma camara municipal por 300.000€ e consiste numa instalacao de vigas metalicas verticais cortando a linha do horizonte num passeio pedonal; e foi vandalizada com inscricoes a spray que remetiam para o valor da mesma.

Posteriormente o artista visado teve ainda espaco num jornal publico para "explicar" o seu trabalho e de certa forma justificar o investimento da CM.

Ora isto sao assuntos dos quais em nem me deveria dar ao trabalho de pronunciar mas, vou aqui deixar algumas consideraçoes, visto que no meio artistico, ha ainda muita gente que aprova este tipo de politicas e que continua a considerar-se culturalmente e intelectualmente superior à restante populacao:

Metendo-me eu na cabeca de um qualquer portugues da norma (entre 600 e 800 euros por mes) e sendo eu por exemplo habitante desse municipio, ao passar pela escultura, a primeira coisa que me viria a cabeca era isto:

a camara gastou 300000€ nesta merda? Sim... porque é isto que as pessoas pensam! (Nota: longe de mim desacreditar a obra, ela é o que é, e existe enquanto tal, e é, obviamente valida)

Como é obvio, este acto em vez de aproximar a populacao da arte so a afasta! As pessoas nao sao obrigadas a compreeeder o mercado da arte nem os seus valores absurdos! Se fosse uma entidade privada, tudo bem, (faz o que quer do seu dinheiro) agora uma CM? Para pagar este preço deve ter as contas em dia, diz o artista!

Mesmo tendo as contas em dia, é obviamente um mau investimento, e porque? porque este tipo de arte nao valoriza (ou alguem ira um dia dar mais de 300000€ para comprar a instalacao?) porque a nivel de servico publico e politica cultural é nulo, nao cria dinamicas de aproximao das pessoas à arte e à cultura, so as afasta e repulsa dado o valor principesco com que o artista foi remunerado e nao vendo o cidadao comum qualquer utilidade publica no objecto em si! é esse paradigma que tem de ser mudado, e nao, nao é com este tipo de politicas que mudara! e nao, as pessoas nao sao burras nem ignorantes e veêm muito bem que estao a ser burladas!

Acredito que esses 300000€ poderiam ter sido utilizados de uma maneira muito mais benefica e consequente para o desenvolvimento cultural e artistico da regiao e é nesse ponto que os nossos actores politicos e culturais deveriam-se centrar! E visto falar de passeios marginais porque nao olhar para o ArteMar de Cascais, por exemplo? o valor desta obra pagaria à volta de 15 edicoes do dito concurso, ou convidar 30, repito, 30 jovens artistas a 10000€ cada um, a desenvolver trabalho para o municipio? que com certeza iriam aplicar-se para mostrar servico!

Como pensam as pessoas que vivem a maioria dos artistas, ou jovens artistas? entre tuktuks e supermercados, entre bengaleiros de museus e papelarias! Ou entao dançam entre professores universitarios e artistas (mas esses sao os confortaveis...) 10000€ anuais é um valor bem acima do ordenado minimo nacional.

Nao sera com iniciativas destas que poderemos dar oportinidades aos jovens e à populacao de ver trabalho e se sentir pertencente a um todo? de impelir o publico a interessar-se pelas obras?

Isto para me centrar unica e exclusivamente no patrocinio de artistas plasticos , sem querer entrar em teatro, danca, etc... qual o orçamento anual para a cultura de uma camara desta envergadura? Sera justificavel uma despesa deste tamanho para uma unica instalacao? Status quo? Lavagem de dinheiro?  Sao estas questoes que temos que pôr e nao a questao do é arte ou nao é!!! porque ai ja sabemos a resposta!

Sendo a meu ver, a arte um factor fundamental na mudanca de paradigmas e de pensamento na sociadade (para melhor) Nao sera criando condicoes de aproximaçao entre as pessoas, os artistas e a arte que poderemos acalentar um futuro melhor? Nao deveria ser do interesse politico e publico criar essas pontes entre o cidadao e os intervenientes culturais para aspirarmos a um pais mais culto, mais desenvolvido, mais rico!! A distribuiçao de riquezas em Portugal nao é obviamente equilibrada e enquanto nao se trabalhar para esse equilibrio, onde a cultura esta inserida, nao se pode exigir ao cidadao comum que aceite de animo leve este esbanjar de dinheiro publico!




Publicado originalmente no Facebook a 16 de Janeiro de 2020