segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

2022 Decisões, Previsões, Impressões e outras Implicações

 

Tinha, na minha última crónica, escrito sobre prever o ano de 2022, o meu, não o do mundo que isso é demais para mim, mas por força das circunstâncias o trabalho foi protelado até então!

Faz por esta data uns dez anos que terminei o meu Mestrado em Artes Plásticas e meti-me na cabeça há uns meses atrás a ideia de dar uma volta na minha vida profissional e finalmente poder vir a trabalhar da arte, ( o mais próximo que estive disso foi: para além das performances enquanto Pai Natal e duende em Óbidos, o trabalho que a Isabel me tinha arranjado em Londres como técnico de manutenção e transporte  de obras de arte) no entanto, por várias e diversas razões decidi abandonar essa ideia a presente.

Porque será que alguém que investiu nisto, mais de 10 anos da sua vida, sim, contanto no mínimo com o ensino secundário, estaria agora, dez anos depois, próximo do seu objectivo, disposto a abandonar a ideia de viver da arte, depois deste tempo todo? Ora porque eu não ambiciono viver da arte, eu ambiciono viver para a arte, o que faz e é, uma grande diferença, chamem-me um romântico, um utópico ou o que quer que seja! Eu considero que a arte (a verdadeira) tem o poder de mudar as pessoas e o mundo e é nisso que eu quero investir a minha vida, se isso depois der para eu viver tanto melhor, se não azar, mas eu acredito na mudança e acredito (ainda) na humanidade, acredito que esta Terra poderia e pode ainda ser o Paraíso, que os homens têm um fundo de bondade e que transformando a mentalidade das pessoas poderemos transformar o Mundo, e que a Arte tem esse poder de mudar mentalidades. 

Esta última passagem de ano permitiu-me voltar a Lisboa, (desde antes da pandemia que não ia a uma cidade desse tamanho) e deixou-me profundamente triste ver o condicionamento e o estado de alma da maioria das pessoas que cruzei, lembro-me de estar no autocarro e ver toda essa gente entrar com as mascaras na cara e os olhos vidrados, cinzentos, cansados. Não farei, por hoje, morais quanto às politicas que têm sido tomadas para combater esta “pandemia”, mas poderia deixar aqui algumas questões logicas e obrigatórias sobre o caminho que temos seguido enquanto indivíduos e comunidade e falar sobre engenharia do consentimento, controlo de massas, etc., mas deixarei isso para uma outra vez, o que é certo é que isso também se reflete na minha realidade e levou-me a mudar a minha estratégia para este novo ano.

Decidi assim seguir uma estratégia baseada no Taoísmo e no conceito da não-acção, que significa mais ou menos que não agindo, ou parando de agir, sem forçar e deixando que o mundo e a vida sigam o seu fluxo natural, o que tiver que chegar até nós, chegará. Ora isso é mais fácil de dizer do que fazer porque vivemos constantemente na angustia do futuro, do fazer e do querer, no entanto decidi tentar abandonar esses sonhos e simplesmente deixar-me levar pela corrente. Mudei assim de objectivos, aceitei a pena do trabalho e centrei as minhas ambições na escrita do meu segundo livro, é esse, o meu único projecto palpável para 2022, tudo o resto será, como se diz na giria, o que Deus quiser!

Ora foi precisamente por causa do trabalho,  que hoje, no meio das vinhas e dos meus colegas romanos decidi e pensei esta crónica, começo a estar farto de estar rodeado de brutos, de homens que só falam e desejam guerra e violência, que veem as mulheres como objectos e que não pensam em nada mais do que a eles próprios, sem a mínima noção de sociedade ou de todo, homens que ainda mandam lixo para o chão, mas  bom, sobre eles farei a minha homenagem mais tarde, a quando de um livro que também já existe na minha cabeça, faltando somente materializa-lo mas os pensamentos voam mais rápido do que a luz e não tenho tempo para fazer tudo o que queria e gostava, mas sim, como dizia, foi, no meio disto quem meti os meus auscultadores e dei com o Dark Side of the Moon, dos Pink Floyd e fui enviado directamente para o espaço, já não estava ali presente no meio das vinhas, não ouvia mais ninguém, só aquela musica psicadélica, aquele arquétipo de beleza que me enviava para lá do sistema solar, e pensava  no psicadelismo e que não é preciso drogas para viajar, o poder da mente é suficiente, na realidade, o facto de não me querer injectar uma droga experimental no corpo foi uma das razões de continuar nas vinhas, digamos que já tive o meu período de drogas experimentais, onde sabia perfeitamente o que elas me faziam ao corpo e à mente, era, de facto a mente, que eu queria aniquilar, não o corpo, em relação a esta nova droga proposta recuso e com isso aceito as consequências nomeadamente o que a ofertas de emprego e vida social diz respeito.

A minha mulher, teve hoje, e não é a primeira vez que o faz uma saída pertinente em relação a isso enquanto que eu me enervava com os miúdos por causa das birras, dizia ela: “lá vais tu fazer o filosofo para os outros quando é aqui em casa que o devias fazer, ou ser”, na realidade tem razão, mas antes de me ocupar da minha casa tenho de me ocupar de mim próprio, é lá dentro, dentro de mim que tenho primeiro que me limpar, ela sabe, foi também, uma das razões dadas para continuar neste caminho, trabalhar a paciência, a perseverança, aprender a aceitar o caminho escolhido, por mais duro que ele seja, a culpa não é de mais minguem que não de ti próprio! Entretanto estou a ficar velho e cansado, fiz 36 e parece que tenho 46, os cabelos caem, a barba fica branca, as rugas formam-se no meu rosto e a pele endurece e nada disto é obra do Sol!

O caminho traçado poderá sofrer desvios abruptos e mudanças inesperadas, mas nós estamos aí, abertos à mudança, abertos ao desconhecido, sem medos, sem receios, com alegria e amor!

Un emmerdeur!



Publicado originalmente no Facebook a 21 de Janeiro de 2022




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