terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Boas Festas

Quando entrei na sala de parto vi gotas de sangue pingarem no chão entre as pernas dela, o bebé já empurrava para sair. Era a reta da meta, um último esforço, força dizia-lhe eu e foi por aí que as coisas se começaram a transformar. Eu já não sei bem o que disto foi verdadeiramente verdade, alucinação ou imaginação, mas ela rangia os dentes, estes tinham-se afiado, estavam transformados em dentes de fera, de besta e a sua mão apertava a minha de unhas cravadas na pele até fazer sangue, esmagava-me os dedos estilhaçando-me os ossos. Pode acreditar, lembro-me de pensar que não tinha ossos, que a minha mão era só feita de carne, contorcida. Ali à volta, aparentemente no controlo da situação haviam todas aquelas mulheres vestidas de branco, ocupavam-se de tudo, uma entre as pernas dela dizia, força, a cabeça já esta quase de fora, outras, seguravam-lhe também as pernas e preparavam toalhas, recipientes e tudo mais, todas elas seguras de si, com um ar estranhamente tranquilo e relaxado como se tudo aquilo fosse simples e natural. Lembro-me de me sentir desintegrar, derreter em suores frios, ficar branco como a cal, tremer, desaparecer. Naquele momento olhei uma última vez pela janela do quarto, apercebi-me que o dia ia nascer e foi nesse preciso momento que vi de novo. Ao primeiro raio de Sol um flash de luz, como que se de um relâmpago se tratasse encadeou-me e um carro a arder, uma daquelas quadrigas romanas puxada por quatro cavalos alados em chamas apareceu. Não sei se está a ver do que falo? Eu já tinha tido algumas visões desse mesmo carro, a primeira tinha sido nove meses antes quando o vi nas labaredas de uma fogueira, debaixo das estrelas, mas foi só naquele último momento que tive a certeza que era o mesmo carro e qual o propósito de tais visões, ele desceu dos céus num clarão de luz, brilhava como o ouro e atravessou todo o céu e todo o espaço, atravessou a janela, entrou pelo quarto dentro e mergulhou directamente pelo cimo da cabeça da minha mulher, para dentro dela, tornando-a também a ela fogo ardente, dourado. Veio-lhe uma última força ao mesmo tempo que os meus olhos deixaram de ver, vidrados por uma espessa camada de água baça, salgadas lágrimas que me turbavam a vista, eu ouvi-a dar um último sopro, profundo, vindo bem lá do fundo. Ouvi um último suspiro antes de um choro e pronto, foi assim que descobri aquilo de novo e que percebi, aquilo a que se chama de felicidade, aquilo que nos enche a alma de um não sei que de impronunciável, de um soluço, de uma golpada de ar afónica impossível de verbalizar e que faz com que tudo o resto, todo o resto do vazio da vida, que tudo o que fica para trás, tudo o que virá para a frente se torne completamente irrelevante. Ele tinha nascido, um menino, as enfermeiras perguntaram-me como é que se iria chamar, respondi orgulhoso: Elias.


(Extracto de um projecto engavetado)


sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Há vinte anos atrás – Memórias

 Lembro-me de ter feito um trabalho qualquer na escola primária, se não me engano na primeira classe onde tinha desenhado para lá umas tartarugas e uns tubarões e de ter sido elogiado por toda a gente pela qualidade dos meus desenhos, lembro-me, por essa altura, de me dizer a mim mesmo que seria artista, iria ser artista. Assim, Desde o inicio da primária até ao fim do secundário toda a minha escolaridade nada mais foi do que uma sofrida espera, uma espera por esse momento, esse momento em que poderia ir estudar verdadeiramente Arte, e fui.  

Fui estudar Arte, queria ser artista, mas que bem, sabia que não havia trabalho para quem ia para ali, mas queria lá eu saber disso, vivia iludido na esperança de ser como o Picasso, como o Van Gogh, fui aprender arte por crença, por paixão, nunca foi pelo dinheiro, nunca foi pela carreira, era por convicção, por militância.

E foi assim que no rescaldo daquele fatídico e etílico Verão de 2004, depois de uma pré visão do que se tornaria a cidade de Lisboa e o país 20 anos mais tarde que cheguei às Caldas da Rainha, cheio de sonhos e esperanças, sedento de liberdade e de uma vida fora da casa dos meus progenitores, mesmo se não me incomodasse minimamente o facto de serem eles a arcar com todas as despesas associadas aos meus estudos.

Tinha sido na festa do Avante do ano anterior que tinha tomado a decisão, aí, embriagado encontrara um antigo conhecido dos escuteiros, um tipo mais velho, o Caixado que me falou da escola das Caldas e que me a aconselhou. Ficou-me na cabeça, estava decidido.

E a festa do Avante continuou, as Caldas, a ESAD, uma utopia, um sitio onde a maioria daqueles que lá iam parar eram como eu, jovens adultos, velhos adolescentes que sempre cresceram revoltados, uma revolta surda, desfasados da realidade que os rodeou durante toda a adolescência, uns na ruralidade mais isolada, outros no meio da Babilónia e que agora se encontravam ali, livres e entre irmãos prontos para abraçar a aventura e descobrir o mundo. Sem rédeas, andei demasiado bêbado e drogado para ter aproveitado verdadeiramente os ensinamentos que os meus professores me quiseram ensinar, os meus olhos andavam demasiado turvos para ver com olhos de ver, a maturidade, chegou só muito mais tarde, demasiado tarde, mas quem quer saber disso, da maturidade e dos ensinamentos, a vida não se aprende dentro de uma sala de aula, quem quer saber do Monet quando há musica para dançar, miúdas, corações para conquistar, lagrimas a derramar e a confiança é fraca, quem quer saber disso quando não se consegue estar no meio das gentes sem um copo na mão, sem um cigarro na outra, sem martelar a cabeça com mais um charro para andar à volta e vomitar e vomitar e levantar-se e gritar à lua e correr parque a dentro pela noite com os lobos. Quem quer, como os seus dezoito dezanove vinte anos saber de maturidade e de ensinamentos com toda uma vida pela frente, que sa foda o futuro, no future, viveremos o presente e morreremos se assim for, felizes, destruídos, mas a morte, a não ser que não seja provocada, não é Verónica? não chega e o futuro avança e torna-se presente e os estudos acabam e tornam-se passado e o tempo passou e as oportunidades derramaram-se num copo de vinho.

As Caldas! Naquele eterno Avante fiz amigos para a vida, uns mais próximos, outros mais distantes, amigos da festa, confidentes, partilhas, grupos, projetos, mas sei que mesmo passados estes vinte anos e toda a distancia que nos separa posso contar com eles, foram os ensinamentos que aprendi, a amizade, as boas gentes, os abraços, os risos, os amores. Uma conversa na esplanada à volta de umas cervejas e de uns pires de tremoços, há lá melhor do que isso? Quase todos saíram dali sem trabalho nas artes, muitos emigraram, outros foram para Lisboa conduzir tuktuks e tentar a sorte, continuar a estudar, outros ainda voltaram para trás, para casa dos pais, eu com o tempo acabei por sair, primeiro atras do amor e depois para fugir dele. À terceira, para me encontrar a mim mesmo e foi nessa busca que encontrei, novamente, o amor.

Ai Pedrinho, Pedrinho, se te pudesse avisar, se te pudesse contar tudo aquilo que sei hoje, preparar-te contra as armadilhas que a vida nos trás, avisar-te de toda a loucura, de toda a doidice, de toda a perdição, para não teres que andar agora a dar ao cabedal, como já o fizeste e como o continuarás certamente a fazer. Ai Pedrinho, Pedrinho, saiu-te cara a factura, mas não há ponto sem nó, o exilio trouxe-te os filhos, esse presente da Graça infinita!

Ai Pedrinho, meu Pedrinho, bem sei que tudo o que te pudesse contar de nada te serviria, mandar-me-ias para o caralho, chamar-me-ias de cota, de careta, perguntar-me-ias no que me tornei? Talvez tivesses mesmo orgulho no que te tornas-te? De todas as formas eu sei que por amor à vida estarias disposto a passar por tudo outra vez, só para chegares onde estás hoje! A criançada que só dá trabalho e aflições, mas por cada beijinho do bebé tudo passa, por cada sorriso, por cada risada dos meninos tudo passa. A arte essa, está-te no sangue, nao ligues ao circo, a essas gentes, ser artista não é profissão, não é discursos, não são lantejolas, ser artista é uma forma de encarar a vida, de dar a alma, não é para me gabar mas isso eu sei que tu tens!

Não desistas Pedro, não desistas Pedro! Sobretudo não desistas Pedro…. Tenho ouvido nos últimos, bem, certamente mais de dez anos, mas não desistas do quê? De mim? Dos meus filhos? Dos meus sonhos, de tentar ser feliz, como cada um de nós tenta? Ou da arte? De tentar viver disso? De entrar no sistema? Rancores, remorsos, talvez, certamente, contra mim, contra o sistema, contra os que conseguiram, contra a gente fraca, contra os lambe-cus! É assim, tentar ser uma pessoa melhor de dia para dia, para mim, para a minha mulher e para os meus filhos, para todos, para o Mundo, é só isso, só disso é que não posso desistir! O resto que sa foda!

A escola, a arte, a cultura, os cagões, todo esse mundo snob, toda essa gente sem consciência da verdadeira realidade das gentes e do mundo, a falarem de boca cheia, toda essa esquerda-caviar a viver às custas do povo, todos esses sonhos vendidos aos jovens, toda essa mentira, que sa fodam todos mais às exposições de merda deles, à "arte" fantoche, às curadorias de merda, aos amigalhaços e aos favorzinhos, aos brochistas e aos lambe botas, no final não restará nada! Não foi afinal por isso que tu cagaste nisso tudo? Sim, mas era bom poder viver disso e não ter que andar a dar ao cabedal! Que sa foda, a mola verga mas não quebra! Mais vale dar ao cabedal que andar a mamar pixas, a levar no cu! Quando morrer morrerei de pé! É assim mesmo Pedro! Firme e hirto! E se acontecer vencer? Não há corrida para ganhar, é tudo falso, mas se acontecer, aconteceu, ainda bem, mas não lamberei um rabo!

Foi há vinte anos atrás, já lá foi, já lá foi Pedro, já passou! Como diria o Jorge Palma para terminar com isto: “Tira a mão do queixo não penses mais nisso / O que lá vai já deu o que tinha a dar” e por aí continua!






segunda-feira, 11 de março de 2024

Reacção aos resultados das Eleições Legislativas, Março de 2024

No cinquentenário do 25 de Abril, nada melhor que uma chapada na cara dos portugueses para os acordar do torpor. Infelizmente não acredito que a marca da mão vermelha bem estampada no rosto, seja suficiente para os acordar de tamanha letargia, enterrando-se assim um povo em evidentes areias movediças.

O voto, ou a escolha deliberada e consciente em politicas reacionárias, abertamente racistas e xenófobas, por forma de revolta, descontentamento ou crença (por mais idiota que esta seja) não será nunca, mas nunca a solução para a resolução de quaisquer problemas que possam existir na sociedade, na vida publica e na gestão dos recursos de um país. Como todo o ser humano posso e tenho o desejo de mudança, mas nunca, jamais, no sentido inverso ao da justiça, da liberdade e da fraternidade.

O mais de um milhão que optou, infelizmente por fazer este passado Domingo uma escolha nesse sentido terá forçosamente e sem muito tardar a sua paga, mesmo se isso implique a agonia de todo um povo, como diz o velho ditado: por uns pagam todos!

Engane-se aquele que pensa que estes resultados não são os desejados por aqueles que manietam e controlam as massas, esses Palpatine’s que nas sombras detêm o poder, controlam as grandes corporações e os grandes grupos de comunicação, aqueles que utilizam os seus fantoches para ir enganando o povo. Não é por acaso que Marcelo fez as declarações que fez! Alguém pensa que esses espantalhos ainda têm alguma credibilidade e poder? André Ventura é igual, é só mais um espantalho que foi ali metido para servir interesses. Quer lá ele saber dos portugueses para alguma coisa!

Manietado, enganado, lobotomizado, um povo que vive refém das aparências, drogado pela TV, sem cultura, ignorante, ainda analfabeto, terá, evidentemente, aquilo que merece. Não meus caros, não é desta maneira que se acorda!

Num país com larga tradição de imigra e emigração tais resultados demonstram uma falta de empatia e de conhecimentos atroz! Uma nação com todo um povo lá fora que se esquece da velha máxima:  não faças aos outros aquilo que não queres que te façam a ti! Empatia é mesmo a palavra chave de toda e qualquer ideia sobre viver em sociedade! Isto e porque aquele que vos fala é também ele um desterrado, um emigrante vivendo num outro país europeu (que por sinal que sofre dos mesmos males) e que não tem nenhuma vontade (e sabe ligeiramente o que é)  de se sentir descriminado, excluído, gozado, simplesmente pela sua origem, nem sequer aqui falo de tom de pele!

Responsabilidades? Obviamente, a cada um dos portugueses que se deixa ludibriar e acredita que um choque politico no mau sentido é a solução, o balsamo para a sua vida miserável. Responsabilidades para toda a esquerda, que não tem sabido fazer a ponte para com o povo, desfragmentada, não tem conseguido comunicar e renovar as suas ideias, fazer frente ao sistema oligárquico que nos domina nem de proclamar os seus obrigatórios ideais de igualdade e fraternidade. Responsabilidades para o Partido Socialista, que de socialista já nada tem, demasiado tempo no poder, teia de influencias e corrupção ancorada no país, sempre foi simplesmente o pior dos males, mas que continua a ser um mal!

Convido aqueles que pensam que a destruição de um sistema social e a reconstrução duma sociedade de modelo americanizado seja a solução a tentarem ir viver nos Estados Unidos durante uns meses, mas que comecem do zero, sem heranças, sem empresas, sem tostões. Depois veremos o que acham de um sistema completamente privatizado e de acesso exclusivo! Não é porque o governo é corrupto que é preciso acabar com o estado social! É preciso é acabar com a corrupção e a sua necessidade, e isso faz-se através do igualitarismo!

Tirar a raposa do galinheiro para la meter o lobo não será certamente uma decisão inteligente!

Dito tudo isto queria deixar aqui um grande abraço a todo o povo Jedi, combatendo na Rebelião esses monstros das sombras, esses Darth Vadors e outras mais bestas do Dark Side of the Force!

Não te esqueças, o amor triunfará sempre, e que a força esteja contigo!

 

 




sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

2024 – Prognósticos só no final do Jogo

Às vezes temos a tendência para fazer projectos, planos, traçar novos ou velhos objectivos para o novo ano que há de vir, neste caso que já chegou, e comer as doze passas e fazer desejos e esperar assim que a vida nos corra de feição, desejando sempre que esse novo ano seja melhor do que o anterior e desejando, ou tendo a fé que esse ano é que vai ser, que se vai mudar, que se vai conseguir, que se vai ser melhor e etc., etc. etc.!

Ora acontece que nem sempre entramos no novo ano com o pé direito (no meu caso nem me convém que sou canhoto) acontece que às vezes, por força das circunstâncias somos obrigados a adaptarmo-nos, a traçar novos rumos, a alterar projectos, abandoná-los ou deixá-los em banho maria enquanto tentamos resolver outros problemas ou avançamos noutras frentes tentando saltar por cima dos obstáculos que a vida nos vai pondo no caminho. Às vezes o vento vem e muda tudo, muda de rumo, de sentido e de um dia para o outro toda a nossa vida muda, tudo acaba ou tudo começa e aquilo que acreditávamos ser verdade deixa de ser e outras coisas que nem sequer sabíamos que existiam aparecem de frente para nós.

Tem-me acontecido que estes últimos anos, as passagens que na realidade englobam todo o período de festas, não fosse o Solstício de Inverno e verdadeira passagem de ano o inicio das festividades que se prolongam pelo pagão Natal (também ele sobre esse tal fim de ciclo e novo nascimento do Sol e recomeço do crescer dos dias, adaptado posteriormente pelo cristianismo e mais recentemente pelo capitalismo Coca-Cola) têm vindo a ser pontuadas, desde o Nascimento do meu filho Elias a 24 de Dezembro de 2020 de acontecimentos estranhos e, por vezes, difíceis de digerir criando uma forte dualidade entre a alegria desse nascimento e a dor e dureza das provas a superar, e, sem me querer alongar sobre estes aspectos, diria que esta novo começo de volta ao Sol apresentou-se já com todas as características que me deixam, cada vez mais, à mercê dessas tempestades solares.

Nisto, e contudo, não quero portanto queixar-me da minha sorte ou destino, quero, simplesmente marcar um ponto vista sobre a espera ou a impossibilidade que me tem sido de avançar com alguns dos meus projectos, mesmo das minhas crónicas e de que, este ano, por mais sonhos e projectos que possa ter em mente tentarei nada projectar e aceitarei a sorte daquilo que o destino me traçar, dar-me-ei aos ventos e às tempestades e deixar-me-ei levar pelos ares para onde tiver que ir, como uma folha caduca, deixar-me-ei ir com a corrente em vez de tentar combatê-la, direi, “Seja o que Deus quiser” e que venha a mim o que é para mim, o que é meu e o que tiver que vir, ou não estaremos todos aqui para aprender a abdicar, a deixar ir, a apreender a humildade e o quanto ínfimos somos no meio de todo este Universo?, e de que vale a travessia em mar calmo, não é das tempestades que superámos que falamos quando finalmente chegamos a bom porto?

Este é simplesmente o meu voto para 2024, que eu tenha a sorte e a força de aguentar todas as provas que o Universo me dedicar e que possa ter a humildade suficiente para abdicar do meu Eu, do meu Ego em prol dos meus filhos e do melhor para eles e, conseguindo cumprir isto, cumprir-me-ei por consequente a mim também.

No entanto e por mais incongruente que possa parecer, sei, que tendo todos nós a centelha divina dentro, somos todos nós deuses em potência, pertencendo ao todo e com a capacidade de criar a nossa própria realidade, e assim sendo, acabo através dos meus pensamentos por emitir ondas (como se a minha cabeça de uma antena se tratasse) que viajarão no Universo profundo e que reflectem os meus mais obscuros desejos voltando a mim como que um boomerang transformando a minha própria realidade, (é por isso que é preciso manter o pensamento positivo por mais difícil que seja, e eu sei do que falo que sou e sempre fui um neurótico, e acreditar sempre na luz ao fundo do túnel por mais escuro e longo que este seja sendo que já existem vários estudos científicos sobre os benefícios do pensamento positivo: ver por exemplo as experiências do japonês Masaro Emoto neste caso ligadas aos benefícios das palavras/som/onda sobre a água e nunca nos esquecendo que somos feitos a mais de 70% desse elemento) e assim, nesta onda, acabo por desejar primeiramente saúde, para mim, para os meus e para todos, seguido de abundância para que nada falta neste mundo, está tudo simplesmente muito mal dividido e por fim, alegria, felicidade paz e amor com a consciência que todos os desejos poderão ser realizados, basta acreditar.

Concluindo 2023 e como diria o João Pinto do Porto, esse mítico guru do futebol moderno:

 “Prognósticos? Prognósticos, só no final do Jogo”

 

Saudações astrais para todos e boa volta ao Sol.

 




terça-feira, 1 de agosto de 2023

Considerações Papais e os Artistas do Regime

Caí, nestes últimos dias, sobre algumas noticias relacionadas com a ida do Papa a Portugal que me deixaram de novo a pensar sobre o estado da arte e por consequente da politica artística nesse nosso país à beira mar plantado. Fazendo já um tempo que não fazia considerações ou desenvolvia pensamentos sobre estes temas, aproveito assim o “swell” papal para surfar, também eu nessas ondas.  

Como primeira vaga tubular a ideia de artista do regime, esse artista, maioritariamente, ou pelo menos no seu inicio de carreira, subvencionado pelo estado e que, aproveitando dessas vagas de exposição visual que a praça pública lhe concede assim como dos fundos de diversas câmaras e outras entidades estatais, acaba por não por em causa o próprio sistema no qual se encontra desenvolvendo uma formula estética que funciona, e que repetindo-a em ad aeternum não se inova e não desenvolve pensamento novo nem critico quanto à sociedade e ao sistema opressor no qual se encontra a maioria do seu povo, objecto ultimo para o qual deveria trabalhar, mais precisamente, a evolução intelectual e espiritual num sentido abrangente, dos seus irmãos. Esse artista, que aproveita assim dessas condições para enriquecer individualmente reforçando as suas ligações para poder continuar a tirar proveito do próprio sistema politico no qual se encontra e digamos, poder ter, como todos os ambicionam, uma boa vida a viver da “arte”. Podemos encontrar vários exemplos desses artistas em Portugal nomeadamente aqueles que, dentro desta teia, aceitam ir beijar a mão de Papas, imaginando eles, no seu deleite, que são, no fundo, figuras importantes da cultura portuguesa!

Ora bem sabemos que qualquer artista que se prese, não poderia nunca, ir beijar a mão do Papa, primeiramente porque se quer o artista independente e soberano sobre si mesmo, mas, sobretudo sabendo o que representou e representa o peso da Igreja Católica no desmoronamento da nossa sociedade e o peso que teve a instituição, não só durante os mais de quarenta anos de Estado Novo, assim como durante todos esses séculos passados de torturas e perseguições, mas pronto, mesmo assumindo que tudo isso são coisas do passado, poderíamos pôr-nos questões relativamente aos abusos sexuais de menores infinitamente escondidos e outras coisas mais, mais, em ultimo caso, poderíamos sempre consideram obsceno o valor gasto pelo Estado nas estruturas e serviços de toda essa brincadeira que se chama Jornadas Mundiais da Juventude e da recepção do supremo pontífice. Tudo isto seriam razões mais do que suficientes para refusar essa “honra” de ir beijar o sagrado anel, somente aceitando o acto se fazendo como o João Pequeno do Robim dos Bosques de Walt Disney quando, ao beijar a mão ao Príncipe João, lhe rouba os anéis.  

E, tudo isto me leva à minha segunda onda, um tubo perfeito chamado Bordalo II e que, aparentemente desenrolou um tapete de notas falsas de quinhentos euros sobre o palco, onde o Papa celebrará a missa, temos pena que não seja Joao Paulo II e o seu “hoje fo dia santa, hoje fo dia de graça”, mas não podemos ter tudo, e voltando a Bordalo II, critica entao ele entao os gastos do estado dizendo assim: “ Num estado laico, num momento em que muitas pessoas lutam para manter as suas casas, o seu trabalho e a sua dignidade, decide investir-se milhões do dinheiro público para patrocinar a tour da Multinacional Italiana. Habemus Pasta” Tudo muito bem até aqui, esquecendo-se ele de dizer que o próprio estado, forneceu-lhe, segundo o Jornal Pagina Um (caso queiram ir ver as fontes) em cinco anos, ou seja desde 2018 nada mais, nada menos que mais de 700 mil euros em contratos de ajuste directo, ou seja, sem necessidade de recorrer a concurso publico para a sua realização, e isto parece-me, se não me engano, roçar um pouco a hipocrisia. Não quero aqui entrar numa discussão sobre a qualidade das obras de Bordalo II, acho bonito e bem pensado, mas também acho que entram no mesmo registo de Vhils (um dos artistas que vai lá dar o beijinho) e que entraram mais num regime de decoração de exteriores que propriamente no que deveria ser um regime de discurso artístico contemporâneo bem pensado, mas pronto! Uma das minhas primeiras crónicas neste novo formato falava precisamente sobre os 300 mil euros que Cabrita Reis recebeu por uma escultura em Leça da Palmeira. Dinheiros mal distribuídos criam artistas do regime, os outros, lá se vão aguentando a trabalhar no MacDonalds, é assim a vida no Portugal dos Pequeninos!

Para deixar uma ultima nota, deixarei aqui a imagem de uma que eu também desenvolvi, há já uns 12 ou 13 anos atrás, quando o salário mínimo nem sequer chegava aos quinhentos euros por mês e com isto um gajo chega à praia.





sexta-feira, 26 de maio de 2023

Marius e o Hat-trick e a Champions League

No inicio dos anos dois mil havia uma tripla imbatível la para os lados de Alvalade, composta por um romeno, Marius, Nicolae de apelido, por um outro Marius, um tal de Jardel, e ainda um outro não menos lendário João Vieira Pinto, velha gloria vermelha, que quando surgiu vestida de verde e branco, saltou, porque quem não salta é lampião! Esta cronica poderia ser muito bem sobre os feitos desse trio de ataque demolidor, mas não é…

…Eu, também sempre tive apetência para esse jogo do futebol, pé esquerdo magico, preciso, passada lenta comó Barbosa, craque indiscutível dos Lobos do Planalto, dos meus tempos de juventude, o rei dos cabritos, era ver a bola ser bombardeada pelo guarda-redes adversário e quando ela saltava ao pé de mim, na altura na defesa esquerda, simulava que mandava outro chutão lá para a frente e o meu adversário, todo cagado fechava os olhos e saltava e eu pimba, enganava-o, passava a bola por cima dele, tal Ronaldinho, ali com um cabrito ao terceiro andar, normalmente em frente ao banco de suplentes, para fazer rir a malta, e lá vinha o Sr. Baúa, “Oh Oliveira, deixa-te lá dessas brincadeiras” enquanto esboçava um sorriso que não conseguia esconder empurrando-o ali para o canto da boca. Subida de divisão, cheguei mesmo a fazer um ou dois Hat-trick, defesa, medio, extremo esquerdo encostado à linha para não estorvar, aquilo era tudo, mais tarde, já na faculdade, o Messi das Caldas, uma Alta Equipa Comprida, várias meias finais roubadas, um titulo, duas ou três vezes melhor marcador do torneio, golos e mais golos, mas agora era já só no futsal, batíamo-nos entre amigos, era fixe!

Terminada a juventude, a minha gloriosa carreira que só não acabou no Sporting porque a minha arte é grande demais para esse campeonato veio a internacionalização, depois de umas passagens breves por Paris e Londres foi no Sul de França que voltei ao onze, meia época em Lorgues e época e meia no Besse Sport, uma subida de divisão e mais uns dois ou três golitos que as pernas já não dão para mais e andar a correr atrás de putos de vinte anos dá cabo da saúde a um gajo.

Foi, no entanto, na reforma dessa grande carreira futebolística que alcancei o melhor e maior Hat-trick da minha vida. Marius, nome latim para quem vem do mar, azul, no entanto foi do verde das montanhas da Córsega que ele nasceu, nesta quarta-feira 24 de Maio, à noite, numa ambulância dos bombeiros, e vem assim dar asas ao meu triplete de ouro, um triplete de rapazinhos.

No meio de todos estes Hat-tricks e historias futebolísticas, cheguei agora à Champions League, que isto não é para quem quer é para quem pode, mas a verdadeira craque desta equipa é a minha companheira de equipa, a Camille, a Cristiana Ronalda desta equipa, a Messi, Pele, Maradona, Cruyff, e Zidane disto tudo, nem eles todos juntos lhe rivalizam, que a sua força é de um outro campeonato, estratosférico, mãe dos meus filhos, deu ao Mundo três, e não há homem no mundo que possa compreender nem rivalizar com nenhuma mulher, nenhuma mãe, que só para trazer uma criança ao mundo é preciso mais força que tudo. Venham lá dai com Jorge Costas Fernando Coutos e Paulinhos Sautos, que deste lado há Acostas, há Sá Pintos, há raça e há querer.

Quando ela me diz que sou maluco eu riu e pergunto, é quem o mais maluco, o maluco ou aquela que lhe deu três filhos?

De qualquer das maneiras Camille, não há nada a fazer, este ano a taça é nossa, e tudo graças a ti, és a mvp, a “man of the match”, estrela da constelação, a ballon d’or, a melhor disto tudo. Obrigada por tudo. Je t’aime.




sexta-feira, 19 de maio de 2023

Entre Abril e Maio – Parte II – Revoluções e Algoritmos

 …Tudo isto das revoluções leva-me primeiro à India do inicio do seculo XX e a Gandhi, obviamente e à sua resistência pacifica, e desobediência de massas, voltando depois a Portugal, mais precisamente a 1997 e ao terceiro capitulo dos Da Weasel, dizia entao Pac-Man assim em “toda a gente”, que eu sempre gostei de citar rappers:

“… Há quem costume falar de revolução 
Mas a revolução não vai ser transmitida na televisão
Ela tem que acontecer dentro de cada um
Caso contrário nunca chegaremos a lugar algum …”

Recomeçando onde antes acabei, dá-se, para mim, nesta quadra de Da Weasel o mote para a mudança que há de vir. Sim, enquanto não se der uma revolução dentro de cada um de nós, ou melhor, enquanto cada um de nós não se revolucionar a si mesmo que nada nunca vai mudar neste mundo, e o que é se revolucionar a si mesmo? É, pura e simplesmente deixar de se ser quem é para se aspirar a ser quem se deveria ser, ou seja, ser melhor e mais humano, ser o sonho que habita dentro de si próprio.

Vou então aqui dar um exemplo, e voltando à França e à violência das “forças da ordem”, houve, aqui há pouco tempo, um policia que se demitiu, dizendo que se sentia do lado oposto da barricada, que desde pequeno que sonhava ser policia para proteger as pessoas dos bandidos e etc, (aquilo que é vendido às crianças sobre o que é ser policia), e deu por si nestes últimos tempos a perceber que estava a trabalhar precisamente ao contrario, para o opressor e por isso demitiu-se, melhorando então, por consequente, a sua própria pessoa, ou alma como quiserem (sobre isto ler a cronica precedente).

São então estas transformações, estas revoluções, que têm que se passar dentro de cada um de nós, se todos os policias compreendessem que bater na própria população que lhes paga o salario para os protegerem não é correcto, deixaria de haver abuso de poder e violência policial, se todos os ladroes percebessem que roubar é tirar do outro algo que não te pertence, e que usar essa energia do outro é não só extremamente incorrecto, como feio, mau e que te trará num futuro próximo ou distante problemas, deixaria de haver ladroes e roubos, se todos os racistas percebessem que somos todos iguais deixaria de haver racismo e por ai fora…

Cabe a cada um de nós de se melhorar e de revolucionar-se, sendo também neste processo capaz de se perdoar a si e aos outros. No entanto tenho a consciência que a maioria dos seres humanos, mesmo acreditando que bem lá no fundo deles ambicionem todos a paz, não estão dispostos a fazer concessões à sua maneira de se comportarem, de serem e de consumirem para serem participantes activos nesta mudança de paradigma, no entanto deixarei aqui uma verdade, nada poderá parar a mudança em curso e quanto mais depressa as pessoas perceberem isso melhor para elas, não sendo eu, obviamente ninguém para dar lições de moral, mas, tenho tentado fazer o meu trabalho no que a revoluções interiores diz respeito!

Para isto e a meu ver, é preciso que as pessoas compreendam conceitos como leis de atração, leis de causa efeito, que percebam o efeito das palavras e pensamentos na própria energia e bem-estar do corpo, das células, das moléculas e átomos, do mundo que as rodeia como as experiencias do cientista Masaru Emoto sobre as moleculas de agua, das palavras de amor às plantas e coisas assim, nesse sentido aconselho a todos do documentário “What the bleep do we know!?” encontram no Youtube em varias línguas, é americanizado mas mostra bem as problemáticas aqui descritas, problemáticas no fundo ligadas à física quântica e à consciência da própria realidade visível, fisica. Na fundo é isto, nós não conhecemos nada da verdadeira realidade e em vez de nos andarmos a tentar melhorar, evoluir crescer, apreender, andamos a gastar a nossa vida a ver jogos de futebol e acreditar em tudo o que nos dizem na TV como se fossem verdades absolutas, ignorando, o quanto essas gentes conhecem e controlam de psicanalises, psicologias, controlo de massas, medicina, energias, etc, etc etc e é por isso que cada vez que faço publicações com certas palavras chaves, o algoritmo do Facebook esconde as publicações, ninguém tem acesso a elas à parte quatro ou cinco “habitués”, e é por isso que eu vejo sempre as mesmas caras no meu feed de noticias e tenho que ir bloqueando por trinta dias se quero ter gentes diferentes no meu feed, porque são programas para programar as gentes e aquilo que temos todos que fazer é desprogramar!

Dito isto prometo, que para a semana farei uma publicação não politica, para quebrar com os algoritmos e desprogramar a malta!

Boa revolução a todos