Tenho andado por aqui às voltas, na minha cabeça, claro está, de como abordar estes assuntos que por nós têm passado, nomeadamente, os quase 50 anos do 25 de Abril e o 1° de Maio.
Ora irei então, começando de trás para a
frente falar primeiro, do que se tem passado em França e sobre esses Maios que
têm a histórica tendência de se tornarem explosivos. Não querendo estender-me
aqui em explicações sobre politica internacional, neste caso francesa, nem
sobre a organização das eleições em França, nem de como Emmanuel Macron chegou
ao poder, sou na mesma obrigado a enquadrar certas situações e direi simplesmente
assim, o presidente é eleito minoritariamente, com uma margem de votos à volta
dos 25% à primeira volta, e concorrendo na segunda contra Marine Le Pen, (2017
e 2022) mas tem poderes absolutos, visto como está, depois de De Gaulle,
organizada a estrutura das decisões politicas em França.
Ora, este governo de Macron é, sem dúvida, o
pior e o mais terrível governo francês, talvez até mesmo mais do que o do
Marechal Petain, colaborador com o regime nazi alemão. Macron, não trabalha
para os franceses, trabalha para as grandes corporações, para os bancos e para
a perpetuação dessa mesma casta no poder, aliás, foi essa mesma casta que o lá
meteu, isto não são teorias do complot, é a realidade, por exemplo, todos os
grandes grupos de Média franceses são propriedade de bilionários que fazem e
fizeram campanha por e para Macron, mas isto não é tudo. A campanha foi suja,
esta gente sabe como manipular e mentir às massas, vão por exemplo ver o documentário,
the Century of the Self e vão ver quem foi Bernard Sanders para poderem começar
a ter uma mínima, uma ínfima ideia do que as classes politicas sabem e fazem!
No meio disto tudo, Emmanuel Macron retirou o
imposto sobre as grandes fortunas, reduziu o tempo e os direitos ao fundo de emprego,
fez caça às bruxas durante o covid, aliás, o pessoal hospitalar que se recusou
a picar-se com vacinas experimentais está, até hoje, suspenso de funções, já vai
fazer dois anos, entretanto, e depois dos Gilets Jaunes, que começou por causa
do preço dos combustíveis, e que revirou o pais em manifestações, só parando
com a tal pandemia, bastante útil por sinal, avança com mais uma reforma contra
toda a sociedade, impondo através de um mecanismo que é o artigo 49.3 para
estados de emergência, e que já usou mais do que todos os outros governos juntos,
sem direito a debate, mesmo contra a moção de censura na assembleia, contra
todos os sindicatos e patrões, com o aumento da idade da reforma para 64 anos,
de dizer que Miterrand, em 1982 tinha imposto os 60 anos, e estava agora em 62!
Tudo isto e muito mais leva a que a sociedade
francesa, se revolte e se manifeste, e como consequência disto, temos uma repressão
policial nunca antes vista, falo de policias de choque a lançarem
frequentemente granadas contra a população, a dispararem (à cara) balas de
borracha, as chamadas LBDS que já tiraram, olhos e mãos e membros a mais de uns
trezentos franceses, a despejarem gaz lacrimogénio e a baterem em tudo quanto
mexe desde 2018, isto, claro está sobre pretexto de conter os desordeiros, e
manter a ordem, a democracia e os valores republicanos, mas eu convido-vos a
irem ver imagens. É a politica do medo, são de tal forma violentos que as
pessoas até começam a ter medo de exercer o seu direito de se manifestar. Mas àsvezes
os ventos mudam, e neste 1° de Maio de 2023 só a titulo de exemplo, um policia
levou com um cocktail Molotov na cara, porque as pessoas estão a começar a
ficar fartas de levar e porque violência gera violência, e para gaudio de quem
dirige as finanças e os destinos deste mundo, as sociedades têm vindo a ficar (propositadamente)
cada vez mais fracturadas! Sobre a policia a única consideração que posso fazer
é que, estão do lado errado da barricada e trabalham, enganados para os
verdadeiros opressores, os criminosos de colarinho branco e em muitos casos,
verdadeiros assassinos, como eu costumo dizer, se existem homens capazes de
matar a própria mãe por 5 euros, não existiram outros sem escrúpulos capazes te
tudo isso e muito mais por milhões, biliões, controlar países?
Ora eu sei que Macron é só um espantalho, um
tipo que faz bem o serviço pelo o qual é pago, e deixando a França passo então essa
ponte 25 de Abril de volta a Portugal.
Em Portugal, ao contrário de França, os
governantes poderiam aumentar a idade da reforma até aos 80 ou 90 anos que
nunca se iria passar nada, não foi depois de 40 anos de Estado Novo nem depois
de uma guerra colonial, que se passou, nem será agora. Sim, porque é preciso,
do meu ponto de vista, acabar com essa mentira da revolução, não houve nenhum
povo português que se revoltou, houve sim, meia dúzia de militares, que fartos
que estavam da guerra e das coisas, decidiram então pôr fim à brincadeira, num
qualquer outro pais do mundo, tanques com militares que entram numa capital e
fazem cair um governo é chamado de Golpe de Estado, ou Golpe Militar, não de revolução,
mesmo se depois seja para formar eleições livres, e foi isto que aconteceu no
nosso pais, não vi, nunca, nenhum povo se revoltar contra a sua situação,
contra o seu opressor, não houvessem Dons Sebastiãos e ainda hoje estávamos debaixo
do jugo do Estado Novo, não hoje não, hoje já estaríamos com certeza, como estamos,
vendidos ao capitalismo, pois nada lhe consegue resistir, a esse rolo
compressor de almas!
Dito isto, gostaria de terminar num tom mais
positivo, sou e sempre serei defensor dos valores de Abril, sim, porque é isso
que importa em Abril, são os valores representados, de Liberdade, de Fraternidade,
de Igualdade, e a revolução dos Cravos sem sangue, só com gente contente e
feliz, é isso. Tudo isto das revoluções leva-me primeiro à India do inicio do
seculo XX e a Gandhi, obviamente e à sua resistência pacifica, e desobediência de
massas, voltando depois a Portugal, mais precisamente a 1997 e ao terceiro
capitulo dos Da Weasel, dizia entao Pac-Man assim em “toda a gente”, que eu
sempre gostei de citar rappers:
Mas a revolução não vai ser transmitida na televisão
Ela tem que acontecer dentro de cada um
Caso contrário nunca chegaremos a lugar algum …”
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